PRFs mataram Genivaldo e ainda enviaram multa de trânsito à família, aponta sentença
Juiz descreveu uso de gás em viatura como “tortura à luz do dia” e destaca desprezo dos agentes pelos alertas sobre a saúde mental da vítima
247 -A sentença que condena os policiais rodoviários federais envolvidos na morte de Genivaldo de Jesus Santos, ocorrida em 2022, traz detalhes estarrecedores sobre o crime. Segundo o magistrado responsável, os agentes submeteram Genivaldo “A tortura foi praticada à luz do dia, em via pública, e na presença de várias pessoas que se acumularam ao redor da ocorrência”. Mesmo diante da gravidade dos atos, os policiais ainda emitiram e enviaram uma multa de trânsito à família da vítima. As informações foram divulgadas pelo portal Uol, que teve o à íntegra do documento.
De acordo com a decisão judicial, o uso de gases tóxicos em uma pessoa confinada no porta-malas de um veículo é "completamente fora do padrão" e nunca foi indicado em treinamentos da corporação. O magistrado descreveu o ato como uma prática "off label", ou seja, um uso inapropriado e sem qualquer respaldo técnico ou testagem prévia que avaliasse as consequências desse método.
"Afogamento no seco" e a negligência dos policiais
Um dos trechos mais marcantes da sentença destaca o impacto letal do uso dos gases: "Genivaldo se afogou no seco, já que seus pulmões perderam a capacidade de respirar, de fazer a troca gasosa, haja vista a interação de inúmeros gases naquele ambiente confinado." O juiz também apontou que, durante a abordagem, populares alertaram os agentes sobre os problemas de saúde mental de Genivaldo, mostrando inclusive a sacola de medicamentos que ele carregava. Apesar disso, os policiais ignoraram as informações e seguiram com a tortura que levou à morte da vítima.
O caso ocorreu em Umbaúba, Sergipe, e ganhou repercussão nacional pela brutalidade envolvida. Vídeos do episódio mostram Genivaldo sendo colocado à força no porta-malas de uma viatura, enquanto gases tóxicos eram introduzidos no compartimento fechado. Ele morreu no local.
Outro detalhe perturbador apontado na sentença foi a emissão de uma multa de trânsito em nome da vítima, que foi enviada posteriormente à sua família. Para o juiz, esse gesto evidencia o descaso dos réus em relação à gravidade do caso, reforçando a insensibilidade dos agentes mesmo após o desfecho trágico.
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