window.dataLayer = window.dataLayer || []; window.dataLayer.push({ 'event': 'author_view', 'author': 'Redação Brasil 247', 'page_url': '/regionais/brasilia/novas-pesquisas-trazem-boas-noticias-para-o-presidente-lula-destaca-miguel-do-rosario' });
TV 247 logo
      HOME > Brasília

      'Novas pesquisas trazem boas notícias para o presidente Lula', destaca Miguel do Rosário

      O jornalista analisa possíveis cenários eleitorais no Brasil e comenta a percepção da população brasileira sobre a geopolítica global

      Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
      Redação Brasil 247 avatar
      Conteúdo postado por:

      Por Miguel do Rosário, Cafezinho - A nova pesquisa Atlas/Bloomberg, divulgada há pouco, traz algumas boas notícias para Lula: aprovação estável, acima de 45%; liderança nas simulações de primeiro turno para 2026; e imagem bem mais positiva da China do que dos EUA na opinião pública nacional.

      Comecemos pelo último fator. Em geral, política externa não faz muita diferença no processo eleitoral brasileiro, mas dessa vez as turbulências crescentes no mundo podem, sim, influenciar a decisão do voto.

      De um lado estará o atual presidente Lula, representante de um campo mais ideologicamente alinhado aos BRICS e à China; do outro, um candidato da direita bolsonarista, provavelmente indicado pelo ex-presidente, mais próximo à agenda de Donald Trump e aos Estados Unidos.

      Mudanças na percepção geopolítica

      A Atlas/Bloomberg revela uma mudança interessante na percepção dos brasileiros sobre potências estrangeiras.

      Pela primeira vez, em muitos anos, a China é vista de forma mais positiva que os Estados Unidos pela opinião pública nacional.

      Quando questionados sobre qual país oferece melhores oportunidades de investimento e financiamento ao Brasil, 48,5% dos entrevistados apontaram a China, contra apenas 32,4% que indicaram os EUA.

      Na avaliação sobre os investimentos em infraestrutura no Brasil, 51% consideram os projetos chineses benéficos ou muito benéficos, enquanto apenas 37% têm a mesma percepção sobre os investimentos americanos. Essa mudança reflete o crescente papel da China como parceiro comercial e investidor no país, em um momento em que os EUA enfrentam turbulências internas e adotam políticas protecionistas sob o governo Trump.

      Essa tendência favorece o campo político de Lula, tradicionalmente mais próximo dos BRICS e da China, enquanto representa um desafio adicional para a direita bolsonarista, que mantém forte alinhamento com os Estados Unidos de Trump. Uma visão mais positiva da China pode se traduzir em vantagem eleitoral para candidatos que defendam maior aproximação com o gigante asiático.

      Nem falamos do genocídio em Gaza, mas suspeito que a cumplicidade da direita brasileira com os crimes de Israel não deve ter impacto positivo no eleitorado brasileiro.

      Segundo a pesquisa Atlas/Bloomberg divulgada em maio de 2025, o presidente Lula tem 45,5% de aprovação e 53,7% de desaprovação após 881 dias de mandato (iniciado em 1º de janeiro de 2023). Já Donald Trump, nos Estados Unidos, aparece com 44,5% de aprovação e 54,5% de desaprovação após apenas 131 dias no cargo (desde 20 de janeiro de 2025), de acordo com a mesma metodologia aplicada nos dois países. Mas há uma diferença fundamental: enquanto Trump encara turbulência econômica e a perspectiva de recessão agravada por sua guerra tarifária, o Brasil vive um momento de estabilidade, confirmada por indicadores sólidos.

      O PIB brasileiro cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao trimestre anterior, o que foi o terceiro maior crescimento no mundo, atrás apenas de China e Irlanda. Na comparação anual, o crescimento foi de 2,9%. O desempenho foi puxado pela agropecuária, que saltou 12,2% no trimestre. O setor de serviços cresceu 0,3% no trimestre e 2,1% no ano. Já a indústria, apesar de estável em relação ao trimestre anterior (-0,1%), teve avanço de 2,4% frente ao mesmo período de 2024, com destaque para a construção civil (3,4%) e a indústria de transformação (2,8%).

      Outro dado importante é o crescimento de 9,1% nos investimentos (formação bruta de capital fixo) no primeiro trimestre frente ao mesmo período de 2024. A taxa de investimento chegou a 17,8% do PIB.

      No campo social, os programas federais também apresentaram resultados expressivos. De janeiro a abril de 2025, os pagamentos do Benefício de Prestação Continuada (BPC) somaram R$ 41,8 bilhões, acima dos R$ 39,7 bilhões pagos no mesmo período de 2024.

      O mercado de trabalho também apresenta resultados positivos. A taxa de desocupação caiu para 6,6% no trimestre encerrado em abril de 2025, representando queda de 1,0 ponto percentual em relação ao mesmo período do ano anterior. O contingente de trabalhadores com carteira assinada no setor privado atingiu o recorde histórico de 39,6 milhões de pessoas, um crescimento de 3,8% em doze meses. A massa de rendimento real habitual alcançou R$ 349,4 bilhões, outro recorde que reflete a melhoria gradual no poder de compra dos brasileiros.

      Entre os setores que mais geraram empregos no primeiro trimestre, destacam-se a Indústria Geral (mais de 471 mil pessoas, alta de 3,6%), Comércio (mais 696 mil pessoas, alta de 3,7%) e Transporte (mais 257 mil pessoas, alta de 4,5%), na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior. O setor público também contribuiu significativamente, com aumento de 4,0% (mais 731 mil pessoas) em istração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais.

      Nas contas públicas, os dados da Receita Federal mostram uma evolução positiva. O resultado primário registrou em abril de 2025 um superávit de R$ 17,78 bilhões, representando um aumento de 12,3% em relação ao mesmo mês de 2024 e uma melhora de 8,5% em comparação a março de 2025. Os números indicam que o Brasil caminha para um superávit nas contas públicas, equilibrando responsabilidade fiscal e investimentos sociais.

      Um dos aspectos mais intrigantes da pesquisa Atlas/Bloomberg é o padrão de aprovação de Lula por faixa de renda. Contrariando expectativas históricas e talvez refletindo algum ruído estatístico da pesquisa, sua popularidade aparentemente aumenta conforme sobe a renda: 39,4% entre os mais pobres (renda de R$0 a R$2.000); 39,1% na faixa intermediária baixa (R$2.000 a R$3.000); 50% na classe média (R$3.000 e R$5.000); 52,1% na classe média alta (R$5.000 a R$10.000); e surpreendentes 55,4% entre os mais ricos (renda superior a R$10.000). Caso esses dados sejam confirmados por outras pesquisas, isso pode sinalizar que Lula está recuperando o voto de classe média, mas perdendo apoio popular, o que ele pode reverter com a melhora na economia e iniciativas já em andamento, como luz grátis para famílias pobres e aumento no Bolsa Família.

      Esse padrão contrasta com o observado para Trump nos EUA, que tem seu pico de aprovação na classe média americana: 41,8% entre os mais pobres (renda abaixo de $50 mil anuais), 50,1% na classe média ($50 mil a $100 mil), e 41,6% entre os mais ricos (acima de $100 mil por ano).

      A pesquisa também revela diferenças na aprovação de Lula por gênero (47,2% entre homens e 44,1% entre mulheres) e por idade, com maior apoio entre idosos (62,1% na faixa de 60-100 anos) e menor entre adultos de meia-idade (28,8% na faixa de 35-44 anos). Regionalmente, o Nordeste permanece como bastião de apoio ao presidente, com 58,3% de aprovação, enquanto o Sul registra apenas 37,1%.

      Cenários eleitorais para 2026

      Segundo a pesquisa Atlas/Bloomberg, Lula mantém liderança confortável nas intenções de voto para 2026. Contra Tarcísio de Freitas, o presidente aparece com 44,1% contra 33,1%, uma vantagem de 11 pontos percentuais. Em cenário alternativo contra Michelle Bolsonaro, Lula também se mantém à frente com 44,4% contra 33,5%. Já sem a presença do atual presidente, Tarcísio (33,7%) e Haddad (33%) aparecem tecnicamente empatados na disputa.

      As projeções de segundo turno ainda são muito preliminares nesta altura do campeonato, com dados tão confiáveis quanto previsões meteorológicas para o próximo ano. Se pesquisas de segundo turno realizadas com tanta antecedência tivessem alguma validade, Ciro Gomes já seria presidente há três mandatos e Tabata Amaral estaria em seu segundo governo. A história política brasileira nos ensina que essas simulações distantes servem mais ao entretenimento que à análise séria – o que realmente importa é o desempenho no primeiro turno, onde Lula segue com vantagem consistente.

      O recente escândalo envolvendo o INSS, amplamente explorado pela oposição, pode ter prejudicado a recuperação da aprovação do governo. Mesmo assim, Lula conseguiu ampliar sua vantagem sobre Tarcísio, considerado o candidato mais forte da direita para 2026, caso decida concorrer à presidência.

      A oposição enfrenta seus próprios desafios. Seu principal líder está em meio a um julgamento que pode resultar em prisão, o que potencialmente afetaria toda a direita brasileira. Diante desse cenário, a criação de um movimento de vitimização parece ser a estratégia que resta aos opositores.

      Lula conta com uma vantagem estratégica: está no governo, comandando a máquina pública. Até as eleições de 2026, terá a oportunidade de inaugurar numerosos projetos e obras, consolidando sua imagem de realizador. Como dizia Juscelino Kubitschek: “É melhor sermos criticados pelo que fizemos do que pelo que deixamos de fazer.”

      O conselho de João Campos: conquistar o centro

      Se o campo que apoia o presidente seguir o conselho do novo presidente nacional do PSB, João Campos, e costurar uma frente ampla sólida, com participação do centro político, a vitória em 2026 pode ser menos turbulenta do que se espera.

      Em entrevista à Folha, na última sexta 30 de maio, o prefeito de Recife, João Campos, observou que uma vitória em 2026 exigirá mais que o apoio da esquerda. Ele sustentou que é necessário atrair setores que hoje mantêm distância do governo, como o agronegócio, os autônomos e as igrejas, e propõe que o governo federal adote uma postura de escuta e aproximação com esses segmentos.

      “O agro no Brasil tem uma posição majoritariamente contrária às posições do governo. Não seria o caso de ter uma agenda que dialogasse de forma mais próxima para tentar diminuir essa resistência?”, perguntou. Campos reconhece que a esquerda tem encontrado dificuldades para compreender as transformações recentes do Brasil. “Existe uma parcela grande da população que pensa de outra forma. Temos que entender o que eles pensam para representá-los”, disse.

      Sobre o estilo combativo da direita, que segundo ele grita sem entregar resultados, o prefeito do Recife pondera que não cabe à esquerda copiar o tom do adversário. “Talvez um cancelamento de ruído seja mais adequado”, brincou.

      Para ele, a sociedade brasileira, em sua maioria, demonstra cansaço com a polarização, embora acredite que a próxima eleição manterá esse clima acirrado.

      A saída, segundo ele, é disputar a atenção do centro, mas não apenas dos partidos, e sim do centro social. “O que está em disputa é o centro. Nem a direita ganha sozinha, nem a esquerda ganha sozinha.”

      Ao buscar esse equilíbrio, o Brasil se aproxima de uma tradição que marcou grandes lideranças, como Deng Xiaoping.

      Ao conduzir a China para uma era de reformas e crescimento acelerado, Deng inspirou-se no confucionismo e em sua valorização do caminho do meio.

      Confúcio afirmava: “Perfeita é a virtude que está de acordo com o Meio. Entre o povo, raros foram aqueles que puderam praticá-la!”

      Essa defesa do caminho do meio expressa a ideia de evitar os extremos e buscar a harmonia, tanto na vida pessoal quanto na condução do governo.

      Assim como Lula, que também construiu sua trajetória dialogando com diferentes setores e apostando no pragmatismo, Deng mostrou que avanços duradouros nascem da capacidade de conciliar, ouvir e construir consensos.

      Em tempos de extremos, é essa disposição para o centro — para o caminho do meio — que costuma abrir as portas para o desenvolvimento e a estabilidade.

      ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].

      ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

      Rumo ao tri: Brasil 247 concorre ao Prêmio iBest 2025 e jornalistas da equipe também disputam categorias

      Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

      Cortes 247

      Relacionados

      Carregando anúncios...
      Carregando anúncios...