Lula viaja à Rússia para celebrar Dia da Vitória contra o nazismo e aprofundar comércio
Depois da Rússia, presidente visitará a China para intensificar os laços com países do BRICS em defesa do multilateralismo
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai desembarcar em Moscou para uma viagem oficial de 8 a 10 de maio, no contexto das comemorações dos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial.
Lula também estará em Pequim nos dias 12 e 13 de maio, por ocasião da visita de Estado e do IV Fórum China-CELAC.
Os dois países a serem visitados pela delegação brasileira fazem parte do BRICS e as viagens de Lula surgem em um momento de acentuação das tensões comerciais globais com os Estados Unidos.
Em conversa com jornalistas nesta terça-feira (6) no Palácio Itamaraty, o embaixador Eduardo Saboia, secretário de Ásia e Pacífico do Ministério das Relações Exteriores, afirmou que "o Brasil é um país que busca paz, tem uma relação comercial importante com a Rússia de produtos do agronegócio, e queremos equilibrar nossa balança comercial".
O diplomata também comentou sobre a viagem de Lula aos chineses. "A magnitude da relação com a China é conhecida. Do ponto de vista comercial, as nossas exportações para a China são superiores às nossas vendas para os Estados Unidos e para a União Europeia. O Brasil é o sétimo principal fornecedor da China. Então é um momento de explorar novas vertentes de cooperação".
De janeiro a março de 2025, o intercâmbio comercial entre Brasil e Rússia foi de US$ 12,4 bilhões. No período, o Brasil exportou US$ 1,45 bilhão e importou US$ 10,9 bilhões, e a Rússia se tornou o quinto país de quem o Brasil mais importa produtos.
Entre os principais produtos exportados pelo Brasil encontram-se soja, carne bovina, café não torrado, carne de aves e suas miudezas, e tabaco. O Brasil, por sua vez, importa da Rússia principalmente óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos (exceto óleos brutos) e adubos e fertilizantes químicos.
A China é atualmente o principal parceiro comercial do Brasil, ocupando a liderança tanto nas exportações quanto nas importações. De janeiro a março de 2025, o intercâmbio comercial entre os países foi de cerca de US$ 38,8 bilhões. No período, o Brasil exportou US$ 19,8 bilhões e importou US$ 19 bilhões.
Entre os principais produtos exportados pelo Brasil encontram-se óleos brutos de petróleo, soja e minério de ferro e concentrados. O Brasil, por sua vez, importa da China principalmente embarcações, equipamentos de telecomunicações, máquinas e aparelhos elétricos, válvulas e tubos termiônicos (válvulas).
Brasil, Rússia e China fazem parte do Brics. Além desses três países, o grupo tem mais oito nações - Índia, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos, Irã e Indonésia.
Relações diplomáticas
A quarta viagem de Lula à Rússia marcará os 80 anos do Dia da Vitória, data da do documento que formalizou o fim das operações militares, navais e aéreas alemãs, em favor dos aliados na Segunda Guerra. Na ocasião, está prevista uma reunião com o presidente Vladimir Putin e de atos na área de Ciência e Tecnologia.
As relações diplomáticas entre Brasil e Rússia foram estabelecidas em 1828. O relacionamento ampliou-se na década de 1980. Em 2002, as relações foram alçadas ao patamar de parceria estratégica. Desde então, houve frequentes encontros em níveis presidencial e ministerial.
Ampliou-se o diálogo sobre temas de interesse comum, seja no âmbito bilateral, seja em foros internacionais, como as Nações Unidas, o G20 e o BRICS. Em novembro de 2004, o presidente Vladimir Putin realizou a primeira visita de um Chefe de Estado russo ao Brasil. Em 2010, foi assinado o Plano de Ação da Parceria Estratégica, que define objetivos, metas e orientações das relações bilaterais.
Depois da Rússia, o presidente Lula viaja até Pequim, na China, para sua quarta visita oficial de Estado ao país. A previsão é que ocorra de atos nas áreas de agricultura, comércio, investimentos, infraestrutura, indústria, energia, mineração, finanças, ciência e tecnologia, comunicações, desenvolvimento sustentável, turismo, esportes, saúde, educação e cultura.
De acordo com o embaixador Eduardo Saboia, há uma força-tarefa que trabalha a sinergia entre as estratégias de desenvolvimento do Brasil e as da China. Há 16 protocolos e anúncios já definidos e outros 32 em negociação. "Isso certamente está na agenda dessa visita, assim como a visão convergente dos dois países em matéria de defesa do multilateralismo, defesa da reforma da governança global e apoio às funções pacíficas", pontuou.
Em abril de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou sua terceira visita de Estado à China. A visita resultou na mais abrangente declaração conjunta emitida pelos dois países, tratando de cooperação em áreas variadas – desde assuntos econômico-comerciais, de segurança alimentar e de cooperação espacial até temas internacionais, como o conflito na Ucrânia –, demonstrando a multidimensionalidade dos interesses compartilhados. Foram assinados 15 atos governamentais e anunciados 32 acordos empresariais, em áreas como energias renováveis; indústria automotiva; agronegócio; linhas de crédito verde; tecnologia da informação; saúde; e infraestrutura.
Outros nove instrumentos foram celebrados entre Estados da Federação e outras entidades ou empresas brasileiras e chinesas. No campo do meio ambiente, foi adotada a Declaração Conjunta sobre o combate à mudança do clima e foi decidido criar, no âmbito da COSBAN, subcomissão específica sobre a matéria. COSBAN é a sigla para a Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação.
A China figura entre as principais fontes de investimento estrangeiro direto no Brasil, com crescente presença em setores de relevo da economia nacional. Destacam-se os investimentos nos setores de eletricidade e de extração de petróleo, bem como de transportes, telecomunicações, serviços financeiros e indústria.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: