PT aposta em diálogo e reaproximação com PDT
Presidente do PT, senador Humberto Costa, afirma que afastamento dos pedetistas é simbólico e dificilmente se manterá
247 - O presidente nacional do PT, senador Humberto Costa (PE), afirmou nesta terça-feira (6) que a decisão do PDT de deixar a base do governo Lula é “difícil de entender” e, para ele, pode ser revertida com o tempo, informa o da Folha de S.Paulo. "Fiquei surpreso com essa decisão. Talvez seja uma coisa temporária, não acredito que vá se manter com o tempo", declarou o dirigente petista.
A fala de Costa veio após o anúncio feito pelo presidente do PDT, o ex-ministro Carlos Lupi, de que o partido adotaria uma posição de independência em relação ao governo federal. A movimentação, no entanto, não foi unânime entre os pedetistas: a bancada do Senado afirmou ter sido pega de surpresa pela decisão e sinalizou que continuará alinhada ao Planalto. Também houve queixas entre deputados da legenda, que se disseram não consultados por Lupi antes da mudança de rumo.
"Infelizmente a situação chegou num ponto em que o próprio Lupi considerou que era difícil continuar na frente do ministério", afirmou Humberto Costa, referindo-se à saída do pedetista do comando do Ministério da Previdência. Para o senador, além do impacto prático na articulação política, a perda tem forte carga simbólica. "O governo sofre um prejuízo, e não apenas pela questão do número de deputados a menos na base. Também pela simbologia do PDT, um partido de esquerda que tem estado conosco há muitos anos", ressaltou.
Apesar do rompimento anunciado pela direção do PDT, o presidente do PT evita adotar um tom confrontador e mantém a aposta no diálogo. Costa minimizou o risco de os pedetistas buscarem alianças com legendas conservadoras nas eleições de 2026. “Risco sempre há, mas temos tempo suficiente para compor e conversar até lá. Acho que uma aproximação com a direita seria incoerente com a história do PDT", declarou.
Com uma longa trajetória de alianças, o PT e o PDT já estiveram juntos em diversas disputas, inclusive na sustentação de governos progressistas no ado recente. Ainda que o relacionamento entre os partidos tenha sido marcado por divergências — como nas eleições presidenciais de 2022, quando o PDT lançou a candidatura de Ciro Gomes —, o rompimento formal surpreendeu lideranças que apostavam na continuidade da colaboração institucional.
No Congresso, o gesto do PDT gerou repercussões imediatas. Senadores da legenda, como Leila Barros (DF) e Cid Gomes (CE), indicaram que pretendem manter o apoio às pautas do governo. A posição expõe uma divisão interna que pode dificultar a consolidação da independência partidária anunciada por Lupi. Para o PT, essa ambiguidade fortalece a expectativa de uma reaproximação futura.
A fala de Humberto Costa reflete uma estratégia do governo de manter pontes abertas com forças que, embora críticas, compartilham bandeiras históricas da esquerda brasileira. O senador também deixou claro que o campo progressista precisará de unidade para enfrentar o desafio eleitoral de 2026. "Temos tempo. E temos história em comum. Não podemos ignorar isso", concluiu.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: