Nova especulação sobre reforma ministerial aponta Boulos na Secretaria-Geral
Nomeação do deputado do PSOL poderia redesenhar mapa político da esquerda e melhorar as relações do governo com os movimentos sociais
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sondou o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) para assumir a Secretaria-Geral da Presidência da República, um dos ministérios com assento no Palácio do Planalto. A pasta é estratégica por ser responsável por coordenar a relação institucional entre o governo federal e os movimentos sociais. A sondagem ocorreu em meados de abril, durante reunião no Palácio da Alvorada, segundo confirmaram fontes ligadas ao Planalto. A informação foi inicialmente publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo e confirmada por O Globo.
Guilherme Boulos é um político que adquiriu projeção na esquerda brasileira. Ex-coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), ativista, professor e articulador político com forte presença nas periferias urbanas. Em 2022, foi eleito o deputado federal mais votado do estado de São Paulo, com mais de 1 milhão de votos, resultado que evidenciou seu peso político e sua capacidade de mobilização. Ele foi candidato à Prefeitura de São Paulo nas eleições de 2020 e 2024.
A Secretaria-Geral da Presidência da República é atualmente ocupada por Márcio Macêdo, ex-deputado federal e dirigente do PT. Embora seja figura de confiança do presidente, Macêdo vem sendo alvo de críticas dentro do governo por não ter conseguido reativar com vigor os canais com os movimentos sociais.
Segundo auxiliares, Lula considera que é preciso "oxigenar" a pasta com um nome que tenha legitimidade entre os movimentos populares.
A entrada de Boulos no governo federal significaria uma mudança de rota com impactos diretos no cenário político. Para o governo Lula, a presença de Boulos pode representar uma guinada à esquerda na interlocução com movimentos, num esforço para reacender a chama da militância e do engajamento social, elementos essenciais para enfrentar a oposição e manter o prestígio nas periferias urbanas.
Apesar da sondagem, ainda não há definição sobre a nomeação. Desde a conversa em abril, Lula e Boulos não voltaram a tratar diretamente do tema, segundo interlocutores. O presidente tem adotado uma postura cautelosa, ponderando os prós e contras do movimento.
A nomeação ou não de Boulos para o ministério será, mais do que uma escolha istrativa, um sinal político importante sobre o rumo do governo no segundo biênio. Resta saber se o deputado aceitará trocar o seu projeto eleitoral por um papel institucional.
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