CIRCUITO AQUAMUNDO

Em meio à vastidão de águas que cortam e contornam o Brasil, uma revolução silenciosa vem redesenhando o cenário da maratona aquática nacional. O circuito AQUAMUNDO é mais do que um calendário de provas: é uma ode ao esporte em sua forma mais genuína — desafiadora, democrática e profundamente conectada à natureza.

Em uma modalidade que exige técnica, resistência e domínio ambiental, o AQUAMUNDO propõe um novo olhar: valoriza o alto rendimento sem perder de vista o caráter inclusivo, técnico e sensorial da experiência. Uma combinação rara, que tem impulsionado a formação de novos atletas, revelado talentos e, sobretudo, popularizado o esporte entre iniciantes e veteranos.

• Um Mar de Possibilidades

O conceito do circuito é claro e ambicioso: criar provas que desafiem os limites do corpo e da mente, ao mesmo tempo em que acolham aqueles que estão dando os primeiros os nas águas abertas. Essa abordagem híbrida — que combina desafio e ibilidade — se reflete na escolha dos percursos, todos cuidadosamente desenhados para oferecer não apenas segurança, mas também encantamento.

“ar por uma ilha, por uma península, contornar uma bóia em meio a uma paisagem deslumbrante... isso muda tudo”, conta Catarina Porfírio, atleta de destaque na modalidade, com dois pódios na competição. Em 2018, foi campeã da prova de 17K e hoje é uma das principais referências técnicas no esporte do país. “O ambiente natural é parte da estratégia, parte da experiência e parte da superação.”

Mais do que nadar longas distâncias, trata-se de viver experiências multissensoriais que exigem leitura de correntezas, controle de ritmo, percepção espacial e inteligência emocional — habilidades que o circuito desenvolve com excelência.

• Excelência Técnica com DNA Brasileiro

Cada etapa do AQUAMUNDO é marcada por um rigor organizacional que chama atenção: sinalização precisa, protocolos de segurança robustos, staff técnico treinado e e ao atleta antes, durante e depois da prova. É uma estrutura que se assemelha aos principais eventos internacionais, mas que mantém uma essência local e afetiva.

“O lema ‘Para todos e para sempre’ resume nossa filosofia”, reforça Porfírio. “É uma maratona aquática que acolhe o amador e desafia o profissional, sem abrir mão da segurança nem do encantamento.”

Esse cuidado tem sido fundamental para a construção de um novo ecossistema esportivo, onde nadadores iniciantes se sentem seguros para experimentar, enquanto os atletas de elite encontram percursos tecnicamente desafiadores que os preparam para o cenário internacional.

• Percursos Que Contam Histórias

 Parte da força do AQUAMUNDO está na diversidade de seus percursos. Cada prova é desenhada para oferecer uma combinação única de desafios: marés, canais, águas doces e salgadas, variações climáticas e trechos com diferentes densidades de salinidade. Essa variação não é mero acaso — é estratégia.

“O nadador precisa se adaptar, não apenas fisicamente, mas mentalmente. Ele muda sua estratégia de navegação, sua respiração, sua leitura do campo aquático. Isso é uma escola”, explica Porfírio. Os formatos inovadores — como as provas de revezamento inspiradas na FINA (Federação Internacional de Natação) — também têm sido um atrativo à parte, trazendo dinâmica e espírito coletivo à maratona aquática.

• Cultura Esportiva em Expansão

A contribuição do AQUAMUNDO transcende o esporte. Ao ocupar cenários naturais de rara beleza, o circuito impulsiona o turismo esportivo, valoriza comunidades litorâneas e interioranas, e estimula um estilo de vida mais ativo e conectado ao meio ambiente.

Além disso, rompe com estereótipos ao mostrar que a maratona aquática não é apenas para atletas profissionais. É para quem deseja se desafiar, para quem busca autoconhecimento, saúde e conexão com a natureza. A presença crescente de mulheres, idosos e jovens em suas primeiras travessias é prova disso.

• Catarina Porfírio: Técnicas e Visões

Com uma longa trajetória no universo da natação em águas abertas, Catarina Porfírio traz à matéria uma visão privilegiada. Atleta de renome no Brasil, ela tem sido uma voz ativa na formação de atletas mais conscientes e versáteis.

Sua experiência é tangível em cada detalhe do circuito: da curadoria dos percursos à preocupação com a segurança e a didática do desafio. “Ainda há muito por vir. Estamos trabalhando em provas que conectam ecossistemas diferentes, como trechos que unem água doce e salgada, ou travessias em reservas naturais protegidas. O treino não pode parar”, ela pontua, com entusiasmo visível.

Catarina conhece o circuito de perto. Em outubro de 2017, ela subiu ao pódio com o terceiro lugar na prova de 7 km em Cocanha (SP), uma etapa conhecida pela instabilidade das marés e pela exigência estratégica. Poucos meses depois, em abril de 2018, consagrou-se campeã nos 17 km de Nazaré Paulista, um dos percursos mais longos e técnicos do circuito.

"Foi uma prova de controle emocional. Havia trechos em que o silêncio da represa era tão denso quanto o esforço físico", lembra. "Mas é nesse limite que a gente cresce como atleta e como pessoa."

• O Legado em Construção

O AQUAMUNDO é, hoje, um dos pilares da maratona aquática brasileira. Mas seu maior legado talvez seja invisível: está no impacto cultural, na mudança de mentalidade, na construção de uma nova imagem do atleta e do próprio esporte. Um movimento que desafia o status quo, promove inclusão e amplia horizontes — dentro e fora d’água.

Enquanto os atletas nadam em direção às bóias que marcam o percurso, o circuito traça suas próprias linhas rumo ao futuro. E nele, o Brasil parece nadar cada vez mais à frente.