Mercadante defende nova aliança entre Estado e mercado para reindustrializar o Brasil
Presidente do BNDES anunciou meta de R$ 300 bilhões para financiar a indústria até 2026
247 – Em discurso proferido no evento Nova Indústria Brasil, promovido pelo Brasil 247 e pela Agenda do Poder, na sede do BNDES, no Rio de Janeiro, no dia 26 de maio, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Aloizio Mercadante, defendeu uma profunda transformação na política industrial do país. Segundo ele, diante de uma nova conjuntura global marcada pela erosão das instituições multilaterais, pela emergência climática e pela aceleração tecnológica, será impossível retomar o crescimento sem uma aliança estratégica entre Estado e setor produtivo.
Ao lado de autoridades como o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Mercadante afirmou que o Brasil precisa se preparar para um mundo em transição e fortalecer a soberania produtiva. “Estamos vivendo a ruptura do paradigma liberal que orientava as relações econômicas internacionais. A disputa entre Estados Unidos e China é irreversível, e os países em desenvolvimento, como o Brasil, só conseguirão avançar se souberem construir políticas públicas inteligentes, com protagonismo do Estado e inovação do setor privado”, disse.
Crise climática e resposta emergencial
Mercadante fez um alerta enfático sobre os impactos crescentes das mudanças climáticas e criticou o avanço do negacionismo ambiental em países centrais. Ao citar a tragédia no Rio Grande do Sul, o presidente do BNDES destacou a mobilização imediata do banco: “Foram R$ 9 bilhões em crédito emergencial. Triplicamos a velocidade de aprovação de projetos e mais de 80% das empresas atendidas nunca tinham operado com o BNDES”, relatou.
Segundo ele, a atuação só foi possível graças ao comprometimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teria compreendido de forma imediata a gravidade da situação por já ter vivenciado enchentes na infância. “O PIB do Rio Grande do Sul cresceu 4,9%, acima da média nacional, graças à resposta rápida do governo”, afirmou.
Ascensão asiática e risco de estagnação latino-americana
O presidente do BNDES apresentou dados que indicam uma mudança estrutural no centro de gravidade da economia global. De acordo com estudo do FMI citado por Mercadante, entre 2020 e 2023, os Estados Unidos perderam 5 pontos percentuais na participação do PIB global (de 20,5% para 15%), enquanto a Ásia saltou de 15,6% para 33,4%. “A China já representa 18,7% da economia mundial. A América Latina, por sua vez, caiu de 9,4% para 7,3%. É um sinal de alerta para nós”, disse.
Mercadante anunciou o reforço da política industrial brasileira por meio da ampliação do crédito do BNDES. De 2022 a 2024, o banco aumentou em 132% o volume de financiamento para a indústria. A meta inicial de R$ 264 bilhões até 2026 foi ampliada para R$ 300 bilhões.
O presidente destacou o papel de programas como o BNDES Verde e Azul, voltado à sustentabilidade ambiental e à proteção dos oceanos; o BNDES Digital, para transformação tecnológica; e o BNDES Neoindustrializante, que visa reconstruir as cadeias produtivas nacionais. “Estamos olhando para o futuro. Queremos substituir agrotóxicos por bioinsumos, investir em biocombustíveis e promover a modernização da base produtiva com responsabilidade ambiental”, afirmou.
Ao final, Mercadante reafirmou que os desafios exigem cooperação entre instituições públicas, Congresso, empresas e trabalhadores. Ele também elogiou o apoio das lideranças industriais e parlamentares que têm ajudado a aprovar medidas estratégicas. “O papel dos bancos públicos será cada vez mais relevante. Precisamos de um Brasil com indústria forte, inovação, inclusão social e um Estado que exerça sua função de fomento e planejamento”, concluiu. Assista:
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