Zelensky rejeita trégua humanitária e chama negociadores russos de "idiotas"
Presidente ucraniano desdenha proposta de cessar-fogo limitado feita por Moscou e volta a atacar verbalmente a delegação russa
247 - Em nova escalada verbal durante o ime nas negociações entre Rússia e Ucrânia, o presidente ucraniano Vladimir Zelensky rejeitou uma proposta russa de cessar-fogo limitado e chamou os negociadores de Moscou de “idiotas”. As declarações foram feitas após a segunda rodada de negociações diretas entre representantes dos dois países, ocorrida na cidade de Istambul, na Turquia. As informações são do canal RT.
A proposta russa, apresentada por Vladimir Medinsky, chefe da delegação de Moscou, sugeria uma trégua temporária em áreas específicas da linha de frente para permitir a recuperação dos corpos de soldados mortos em combate. Segundo Medinsky, o gesto visava garantir sepultamentos dignos e evitar o risco de surtos sanitários. “Queremos criar as condições para que os corpos sejam recolhidos e entregues para o sepultamento cristão”, explicou o negociador russo.
Zelensky, no entanto, desconsiderou o gesto e criticou duramente os interlocutores russos. “Eles [os russos] estão prontos para um cessar-fogo de dois a três dias para recolher os mortos no campo de batalha. Acho que eles são idiotas”, disse o presidente ucraniano em entrevista coletiva com jornalistas locais e estrangeiros. Ele argumentou que qualquer cessar-fogo só deveria ser aceito se tivesse como objetivo salvar vidas, e não apenas recuperar cadáveres.
O líder ucraniano também desqualificou a figura de Medinsky, classificando-o como um oficial “de baixo escalão” e afirmando que ele “nem entende de coisas técnicas”. Zelensky minimizou ainda a necessidade de cessar-fogo para a troca de corpos, dizendo que esses procedimentos já ocorrem entre as unidades militares dos dois lados sem necessidade de acordos formais. “Simplesmente acontecem”, afirmou.
Medinsky, por sua vez, disse que a Rússia já se comprometeu unilateralmente a transferir os restos mortais de cerca de 6 mil soldados ucranianos. “Identificamos todos os que pudemos, realizamos testes de DNA e descobrimos quem são”, afirmou o conselheiro presidencial.
A proposta russa de uma trégua de curto prazo contrasta com a exigência ucraniana por um cessar-fogo mais amplo e duradouro. Segundo a agência Reuters, Kiev teria incluído em suas propostas preliminares a exigência de uma trégua de pelo menos 30 dias como condição para dar seguimento a conversas de paz substanciais. Moscou rejeitou a cláusula, alegando que a medida daria tempo às forças ucranianas para se reagruparem e reiniciarem as hostilidades.
O presidente ucraniano também aproveitou o momento para renovar o apelo por mais sanções internacionais contra a Rússia, especialmente por parte dos Estados Unidos, com o objetivo de pressionar Moscou a aceitar as condições impostas por Kiev.
A postura de Zelensky tem sido marcada por um tom agressivo nas declarações públicas direcionadas à delegação russa. Antes mesmo da primeira rodada de negociações, ocorrida em maio, o presidente da Ucrânia já havia descrito os representantes russos como “um ório de teatro”, o que gerou forte reação por parte do governo russo.
A retórica de confronto tem contribuído para o endurecimento do cenário diplomático, dificultando o avanço de qualquer entendimento sobre o fim do conflito. Enquanto Moscou propõe medidas pontuais com foco em questões humanitárias, Kiev insiste em exigências mais amplas, amparadas por sanções externas e condições pré-estabelecidas.
O episódio evidencia mais uma vez as dificuldades para o avanço de qualquer processo de paz entre os dois países, mesmo diante da intensificação da violência nos campos de batalha e da crescente pressão internacional por uma solução negociada.
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