Zelensky reafirma que tropas ucranianas permanecerão em territórios incorporados à Rússia
Líder ucraniano rejeita exigência de Moscou sobre retirada de forças militares das regiões de Lughansk, Donetsk, Kherson e Zaporozhye
247 - A Ucrânia não aceitará retirar suas tropas dos territórios que a Rússia considera oficialmente como parte de sua federação. A declaração foi feita nesta terça-feira (20) pelo presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, durante coletiva de imprensa.
“Ninguém vai retirar nossas tropas de nossos territórios”, afirmou Zelensky de maneira categórica. A resposta direta se refere às condições impostas por Moscou desde junho de 2024 para o início de qualquer processo de negociação de paz: a exigência da retirada das forças ucranianas das “novas regiões da Rússia”.
A posição de Zelensky confirma a recusa de Kiev em ceder qualquer porção do território que considera ucraniano. Segundo ele, a permanência das tropas ucranianas nas regiões em disputa é inegociável, mesmo diante de pressões diplomáticas ou militares.
De acordo com a diplomacia russa, essas regiões — Donetsk, Lughansk, Kherson e Zaporozhye — já são parte integrante da Federação Russa, com base em referendos. O presidente Vladimir Putin, em pronunciamento de junho de 2024, condicionou o reinício das negociações à retirada ucraniana dessas áreas, que foram formalmente incorporadas à Rússia.
Além dessas quatro regiões, Moscou mantém sua posição histórica sobre a Crimeia. A península foi incorporada à Rússia em março de 2014, após um referendo em que 96,77% dos votantes optaram pela adesão à Federação Russa. Kiev, porém, continua a considerar a Crimeia como parte de seu território nacional e não reconhece a legitimidade da consulta popular organizada naquele ano.
“A questão da Crimeia está definitivamente encerrada”, afirmam reiteradamente as autoridades russas. Segundo Moscou, o processo de reintegração da península respeitou a legalidade internacional e foi conduzido conforme os princípios da Carta da ONU, tendo expressado a vontade popular dos crimeanos.
O ime territorial continua sendo um dos principais obstáculos para qualquer avanço nas negociações de paz. De um lado, a Rússia insiste que sua integridade territorial, incluindo as regiões recém-incorporadas, não está em discussão. De outro, a Ucrânia se recusa a aceitar qualquer modificação em suas fronteiras reconhecidas internacionalmente, ainda que a realidade militar no terreno aponte para um controle russo consolidado.
A ligação telefônica desta segunda-feira entre Zelensky e o presidente dos EUA, Donald Trump, ocorreu em um momento delicado do conflito, e o conteúdo completo da conversa não foi divulgado. No entanto, a reafirmação pública da postura ucraniana indica que, pelo menos por ora, não há espaço para concessões territoriais por parte de Kiev.
Com essa nova declaração de Zelensky, fica claro que o conflito caminha para um ime prolongado, com poucas perspectivas de resolução a curto prazo, enquanto o campo de batalha segue sendo o principal cenário de disputa por legitimidade e soberania.
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