Visita de Lula à França sela nova etapa de preparação para a COP 30

247 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva realiza, entre os dias 4 e 9 de junho, a primeira visita de Estado de um presidente brasileiro à França em mais de uma década. A visita simboliza uma nova fase da Parceria Estratégica Brasil-França e ocorre em um momento de crescente protagonismo internacional do Brasil na agenda climática, às vésperas da COP 30, que será sediada em Belém do Pará em 2025, segundo informa a Agência Gov.

“Durante sua agem pela França, Lula terá vários encontros com Emmanuel Macron. Discutirá o relacionamento bilateral e temas da agenda internacional, como a necessidade de reforma da governança global, a defesa do multilateralismo, o combate ao extremismo e a preparação para a COP 30”, afirmou o embaixador Flávio Goldman, diretor do Departamento de Europa do Ministério das Relações Exteriores.

A agenda do presidente brasileiro é extensa e inclui reuniões de alto nível com Macron, participação em fóruns econômicos, homenagens culturais e cerimônias oficiais. Entre os destaques, estão a cerimônia no Hotel des Invalides, a de atos bilaterais no Palácio do Eliseu e a concessão do título de doutor honoris causa pela Universidade Paris 8, reconhecida por seu compromisso com políticas sociais e inclusão educacional.

Lula e Macron visitarão juntos a exposição "Nosso Barco Tambor Terra", de Ernesto Neto, no Grand Palais, uma das ações do Ano Cultural Brasil-França 2025. A temporada cultural reúne mais de 50 cidades sas em uma programação que vai além das artes, englobando cooperação científica, tecnológica, educacional e ambiental.

Na área de defesa, Lula e Macron seguirão para Toulon, no sul da França, onde visitarão a base naval da Marinha sa, fortalecendo a colaboração estratégica. Já na agenda ambiental, o presidente brasileiro foi convidado a participar da Terceira Conferência da ONU sobre os Oceanos, em Nice, e de um encontro sobre economia azul, em Mônaco. Segundo o embaixador Carlos Cozendey, Lula vai copresidir o primeiro da conferência ao lado do primeiro-ministro da Grécia, Kyriákos Mitsotákis.

“O Brasil está promovendo eventos paralelos que fazem a ponte entre a conferência dos oceanos e a COP em Belém. Teremos painéis sobre oceanos e mudança do clima, cultura oceânica e segurança alimentar, reforçando o papel dos mares como fonte de alimentação sustentável”, destacou Cozendey.

Outro ponto alto será a homenagem a Lula pela Academia sa, que, em quase quatro séculos de existência, homenageou apenas 19 chefes de Estado. Até então, apenas Dom Pedro II, em 1872, havia recebido essa distinção como representante do Brasil.

A visita também é marcada por expectativas concretas: estão em negociação cerca de 20 atos bilaterais, entre declarações, memorandos e acordos nas áreas de energia, saúde, educação, ciência, segurança pública e tecnologia. Um dos compromissos mais ambiciosos é a criação de um corredor marítimo descarbonizado, voltado à mobilidade verde entre os dois países.

A cooperação econômica será abordada no Fórum Econômico Brasil-França, que reunirá autoridades e empresários para discutir inovação, infraestrutura, transição energética e investimentos. Goldman destacou que a França é a terceira maior investidora direta no Brasil, com estoque de US$ 66,3 bilhões, e que o comércio bilateral chegou a US$ 9,1 bilhões em 2024, com alta de 8%.

A Parceria Estratégica Brasil-França foi formalizada em 2006 e reforçada por novos compromissos em 2024, durante a visita de Macron ao Brasil. Os projetos conjuntos de defesa, como o Prosub — voltado à construção de submarinos com propulsão nuclear —, tornaram-se símbolos da confiança mútua.

A França, como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, apoia a reforma do organismo e defende o pleito brasileiro por um assento permanente. Essa aliança geopolítica, segundo o Itamaraty, reforça o papel do Brasil como ator-chave nas discussões globais sobre paz, segurança, desarmamento, transição energética e justiça climática.

Com a visita de Lula a Paris, o governo brasileiro sinaliza não apenas o fortalecimento da diplomacia bilateral, mas também o avanço na construção de uma agenda internacional que articula desenvolvimento, soberania, meio ambiente e cultura — preparando o caminho para a COP 30 como um marco global.