União Europeia propõe acelerar deportações com nova lista de países considerados seguros
Proposta visa reduzir tempo de análise de pedidos de asilo de cidadãos de sete países, mas enfrenta críticas de organizações de direitos humanos
247 - A Comissão Europeia anunciou, nesta quarta-feira (16), uma proposta para acelerar a análise de pedidos de asilo de cidadãos provenientes de sete países: Bangladesh, Colômbia, Egito, Índia, Kosovo, Marrocos e Tunísia. As informações são do portal Africa News.
A medida, divulgada pela Associated Press, busca reduzir o tempo de processamento desses pedidos de seis para três meses, com o objetivo de facilitar deportações mais rápidas, com menor chance de serem aprovadas, e aliviar a pressão sobre os sistemas de acolhimento de migrantes nos Estados-membros da União Europeia (UE) .
A iniciativa baseia-se na designação desses países como "terceiros países seguros", sob a premissa de que os solicitantes de asilo oriundos dessas nações têm baixa probabilidade de obter proteção internacional na UE. Segundo dados da Comissão, a taxa de reconhecimento de pedidos de asilo desses países é igual ou inferior a 5% .
O comissário europeu para Migração, Magnus Brunner, afirmou que a proposta "pode ajudar os Estados-membros a lidar com os pedidos de forma mais rápida". Ele ressaltou que cada caso será avaliado individualmente e "submetido ao escrutínio dos tribunais nacionais", garantindo o direito de apelação aos solicitantes .
A proposta ainda precisa ser aprovada pelos países membros da UE e pelo Parlamento Europeu antes de entrar em vigor. Ela faz parte de um esforço mais amplo para reformar o sistema de asilo do bloco, que enfrenta desafios desde a crise migratória de 2015. Embora reformas abrangentes tenham sido aprovadas em 2024, sua implementação completa está prevista apenas para junho de 2026 .
Organizações de direitos humanos expressaram preocupações sobre a proposta. A Anistia Internacional alertou que a medida pode levar à discriminação de refugiados e negligenciar grupos vulneráveis, como dissidentes políticos, pessoas LGBTI, jornalistas e ativistas .
Além dos sete países mencionados, a proposta também prevê a possibilidade de acelerar os processos de asilo para cidadãos de países candidatos à adesão à UE, como Albânia, Bósnia, Geórgia, Moldávia, Montenegro, Macedônia do Norte, Sérvia e Turquia. Estados-membros poderão aplicar procedimentos acelerados para solicitantes de países com taxa de reconhecimento de asilo igual ou inferior a 20% .
A Comissão Europeia destaca que a lista de "países de origem seguros" será dinâmica e poderá ser atualizada conforme necessário. A proposta visa complementar as listas nacionais existentes e estabelecer uma abordagem comum entre os Estados-membros .
A medida surge em um contexto de queda nas travessias irregulares de migrantes para a Europa, que diminuíram 30% no primeiro trimestre de 2025 em comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo a agência de fronteiras da UE, Frontex. No entanto, grupos de direitos humanos atribuem parte dessa redução a políticas de dissuasão da UE, que, segundo eles, têm levado a violações de direitos humanos e rotas migratórias mais perigosas .
A proposta da Comissão Europeia reflete a crescente pressão sobre os países da UE para gerenciar os fluxos migratórios de maneira mais eficaz, equilibrando a necessidade de segurança com a proteção dos direitos fundamentais dos solicitantes de asilo.
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