Trump busca desmantelar o 'estado profundo' e ampliar controle sobre o governo
Com estratégia controversa, ex-presidente dos EUA planeja mudanças profundas no funcionalismo público federal
Reuters – Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, está avançando em um plano ambicioso e controverso para reestruturar o governo federal em seu retorno à Casa Branca. A estratégia inclui o uso de uma ordem executiva conhecida como "Schedule F" para enfraquecer proteções trabalhistas de cerca de 50 mil funcionários públicos de carreira.
Segundo fontes próximas à equipe de transição de Trump, a medida tem como objetivo substituir servidores de carreira por indicados políticos leais ao seu projeto de governo. "A istração Trump terá espaço para pessoas comprometidas em defender os direitos do povo americano, colocar os Estados Unidos em primeiro lugar e garantir o uso eficiente dos impostos", afirmou Brian Hughes, porta-voz da equipe de transição.
O impacto do Schedule F no funcionalismo público
O "Schedule F", uma proposta inicialmente introduzida por Trump em 2020, permite a reclassificação de posições dentro do governo, transformando cargos de carreira em nomeações políticas. Isso significa que os funcionários poderiam ser demitidos sem justa causa, gerando um ambiente de instabilidade e, segundo críticos, um "teste de lealdade política".
James Eisenmann, especialista em políticas de trabalho no setor público, advertiu sobre os riscos de tal medida: "As pessoas ficarão com medo de se manifestar ou até mesmo de sugerir algo útil, temendo serem demitidas. Quando há medo, a produtividade cai".
Steve Lenkart, diretor executivo da Federação Nacional de Trabalhadores Federais, foi ainda mais enfático: "A nova classificação é uma tentativa de criar uma 'polícia secreta' dentro do governo federal".
Nomeações controversas e reações críticas
Entre os indicados por Trump para liderar esse processo, estão nomes como Russell Vought, ex-diretor do Escritório de Gestão e Orçamento, e Pam Bondi, apontada para o cargo de procuradora-geral. Durante audiências no Senado, ambos expressaram apoio à política do "Schedule F".
Vought defendeu a necessidade de "garantir que o presidente tenha pessoas que respondam à sua agenda". Já Bondi, questionada sobre o uso do Departamento de Justiça para perseguir adversários políticos, afirmou que não utilizaria a pasta para fins partidários, mas evitou responder sobre investigações direcionadas a opositores de Trump.
Enquanto isso, o grupo conservador American ability Foundation publicou uma lista de "alvos" no governo, incluindo líderes militares e servidores do Departamento de Segurança Interna, sob a justificativa de que esses profissionais estariam promovendo pautas contrárias às prioridades de Trump.
Críticas e implicações futuras
A proposta de Trump vem sendo amplamente criticada por sindicatos e especialistas, que alertam para a criação de um ambiente de medo e censura entre os funcionários públicos. "Essa medida não tem a ver com eficiência, mas com controle político", afirmou Eisenmann.
Além disso, adversários políticos acusam o ex-presidente de usar a retórica do "deep state" como uma teoria conspiratória para justificar a consolidação de poder. "A ideia de um 'deep state' é infundada e apenas serve para mascarar uma tentativa de golpe dentro do funcionalismo público", declarou Lenkart.
Uma nova era para o governo federal?
Caso o plano de Trump avance, os próximos anos podem representar uma transformação sem precedentes na estrutura do governo dos EUA. A substituição de servidores de carreira por aliados políticos poderia minar a independência de várias agências federais e afetar significativamente a governança.
Enquanto isso, os olhos do mundo permanecem atentos ao desenrolar dessa batalha, que poderá redefinir os limites entre política e istração pública nos Estados Unidos.
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