Trump diz que advertiu Netanyahu para não sabotar acordo com o Irã

WASHINGTON/JERUSALÉM, 28 de maio (Reuters) - O presidente dos EUA, Donald Trump, disse na quarta-feira que alertou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na semana ada para não tomar ações que pudessem interromper as negociações nucleares com o Irã.

"Eu disse a ele que isso seria inapropriado de fazer agora, porque estamos muito perto de uma solução", disse Trump aos repórteres reunidos no Salão Oval. "Isso pode mudar a qualquer momento."

Israel rejeitou anteriormente uma reportagem do New York Times de que Netanyahu vinha ameaçando interromper as negociações sobre um acordo nuclear entre os Estados Unidos e o Irã, atacando as principais instalações de enriquecimento nuclear do Irã.

Citando autoridades informadas sobre a situação, o jornal disse que autoridades israelenses estavam preocupadas com o fato de Trump estar tão ansioso para chegar a um acordo com o Irã que permitiria que Teerã mantivesse suas instalações de enriquecimento nuclear, uma linha vermelha para Israel.

Israel estava particularmente preocupado com a possibilidade de qualquer acordo provisório que permitisse ao Irã manter suas instalações nucleares por meses ou até anos enquanto um acordo final era alcançado, informou o jornal.

Autoridades dos EUA estavam preocupadas que Israel pudesse decidir atacar o Irã sem aviso prévio e disseram que a inteligência dos EUA estimava que Israel poderia montar um ataque ao Irã em apenas sete horas, informou o jornal.

O gabinete de Netanyahu emitiu uma declaração em resposta ao artigo que dizia simplesmente: "Notícia falsa".

O New York Times afirmou que mantém a reportagem.

"A cobertura do New York Times sobre este assunto é completa e baseada em discussões com pessoas diretamente familiarizadas com o assunto. Continuamos confiantes no que publicamos", disse um porta-voz por e-mail.

O jornal disse que o ministro de assuntos estratégicos de Netanyahu, Ron Dermer, e David Barnea, chefe da agência de inteligência estrangeira Mossad, se encontraram com o enviado especial de Trump, Steve Witkoff, em Roma na sexta-feira.

Os dois então viajaram para Washington para uma reunião na segunda-feira com o diretor da CIA, John Ratcliffe, antes de Dermer se encontrar com Witkoff novamente na terça-feira.

Um dos principais pontos de discórdia nas negociações entre autoridades americanas e iranianas tem sido a insistência dos EUA de que o Irã desista de suas instalações de enriquecimento nuclear, uma exigência que o Irã rejeita.

Na segunda-feira, a secretária de Estado dos EUA, Kristi Noem, disse que teve uma "conversa muito franca" com Netanyahu sobre as negociações com o Irã.

Ela disse ter dito ao primeiro-ministro israelense que Trump havia pedido a ela para transmitir "o quão importante é permanecermos unidos e deixar esse processo se desenrolar".

Trump ignorou Israel em sua viagem ao Oriente Médio neste mês e fez anúncios políticos que abalaram as suposições de Israel sobre suas relações com os EUA.

Netanyahu rejeitou especulações sobre uma desavença com o governo dos EUA, enquanto Trump também rejeitou qualquer sugestão de rompimento.

Reportagem de James Mackenzie, Nandita Bose e Jarrett Renshaw; Edição de Aidan Lewis e Bill Berkrot