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      Startups de IA transformam setor de programação e atraem avaliações bilionárias

      Plataformas de geração de código ganham espaço no mercado e desafiam gigantes como Microsoft e Google, mesmo com margens negativas e riscos altos

      Ilustração de Inteligência Artificial (IA) 14/12/2023 REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração/Arquivo (Foto: Dado Ruvic)
      Luis Mauro Filho avatar
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      SÃO FRANCISCO, 3 de junho (Reuters) — Dois anos após o lançamento do ChatGPT, o retorno financeiro direto da inteligência artificial generativa ainda é incerto. No entanto, um setor se destaca com avanços notáveis: o desenvolvimento de software.

      As chamadas startups de geração de código, ou “code-gen”, vêm alcançando avaliações bilionárias à medida que empresas buscam utilizar IA para auxiliar — ou até substituir — engenheiros de software, tradicionalmente custosos.

      A Cursor, sediada em São Francisco, levantou US$ 900 milhões em maio, alcançando uma avaliação de US$ 10 bilhões. A startup desenvolve uma plataforma capaz de sugerir, completar e até escrever trechos inteiros de código de forma autônoma. Entre os investidores estão nomes de peso como Thrive Capital, Andreessen Horowitz e Accel.

      Já a Windsurf, de Mountain View, criadora da ferramenta de programação com IA chamada Codeium, entrou no radar da OpenAI, desenvolvedora do ChatGPT. Fontes ouvidas pela Reuters afirmam que a OpenAI negocia a aquisição da Windsurf por US$ 3 bilhões. A ferramenta é conhecida por traduzir comandos em inglês simples para código — prática apelidada de “vibe coding” — e permite que usuários sem conhecimento técnico desenvolvam softwares. OpenAI e Windsurf não comentaram o possível acordo.

      “A IA automatizou todo o trabalho repetitivo e tedioso”, afirmou Scott Wu, CEO da Cognition, outra startup da área. “O papel do engenheiro de software já mudou drasticamente. Não se trata mais de decorar sintaxes complicadas.”

      Empreendedores e investidores dessas startups consideram estar numa corrida por mercado, buscando atingir massa crítica de usuários e consolidar seus produtos como padrão no setor. No entanto, por se apoiarem em modelos de IA desenvolvidos por terceiros — como OpenAI, Anthropic e DeepSeek —, os custos por consulta aumentam continuamente e nenhuma dessas empresas opera com lucro.

      Além disso, enfrentam concorrência crescente das gigantes Google, Microsoft e OpenAI, que anunciaram novos produtos de geração de código em maio. A Anthropic também prepara uma ferramenta semelhante, segundo duas fontes ouvidas pela Reuters.

      A rápida expansão dessas startups ocorre mesmo em um terreno dominado pelas grandes empresas de tecnologia. O GitHub Copilot, da Microsoft, lançado em 2021 e considerado líder do setor, registrou mais de US$ 500 milhões em receita no ano ado, conforme revelou uma fonte à Reuters. A Microsoft não comentou os números, mas afirmou, em sua teleconferência de resultados de abril, que o Copilot tem mais de 15 milhões de usuários.

      Impacto no emprego

      A revolução trazida pela IA pode eliminar milhares de vagas, especialmente aquelas destinadas a programadores iniciantes, cujas tarefas são mais repetitivas e básicas. Segundo a Signalfire, empresa de capital de risco que monitora contratações no setor, a quantidade de novas issões com menos de um ano de experiência caiu 24% em 2024. A empresa atribui a queda ao uso de IA para suprir funções antes realizadas por esses profissionais.

      Em abril, o CEO do Google declarou que “bem mais de 30%” do código da empresa já é gerado por IA. No ano ado, o CEO da Amazon, Andy Jassy, afirmou que a companhia economizou o equivalente a 4.500 anos de trabalho de desenvolvedores graças ao uso da tecnologia. Ambas as empresas se recusaram a comentar os números.

      Em maio, Satya Nadella, CEO da Microsoft, disse em uma conferência que entre 20% e 30% do código produzido pela empresa atualmente é gerado por IA. No mesmo mês, a Microsoft anunciou a demissão de 6 mil funcionários em todo o mundo, sendo mais de 40% deles desenvolvedores no estado de Washington, sede da companhia.

      “Nossa prioridade é criar uma IA que torne os desenvolvedores mais produtivos, criativos e capazes de economizar tempo”, declarou um porta-voz da Microsoft. “Isso significa que alguns papéis vão mudar com a revolução da IA, mas a inteligência humana continua sendo central no ciclo de desenvolvimento de software.”

      Receita alta, lucros no vermelho

      Mesmo operando com prejuízos, algumas plataformas já apresentam receitas expressivas. A Cursor, que conta com apenas 60 funcionários, ou de zero a US$ 100 milhões em receita recorrente anual até janeiro de 2025 — menos de dois anos após ser fundada. A Windsurf, criada em 2021, lançou sua ferramenta em novembro de 2024 e já fatura US$ 50 milhões por ano, segundo uma fonte com conhecimento da empresa.

      Contudo, quatro investidores familiarizados com a operação dessas startups afirmaram que ambas operam com margens brutas negativas — ou seja, gastam mais do que arrecadam.

      “Os preços que as pessoas estão pagando por assistentes de codificação vão ficar ainda mais altos”, disse Quinn Slack, CEO da Sourcegraph, outra empresa do setor, à Reuters.

      Tanto a Cursor quanto a Windsurf são lideradas por jovens ex-alunos do MIT na faixa dos 20 anos, e simbolizam o que muitos chamam de uma nova corrida do ouro do setor de IA. “Não vejo as pessoas trabalharem tanto assim desde o primeiro boom da internet”, afirmou Martin Casado, sócio da Andreessen Horowitz, que investe na Anysphere, criadora da Cursor.

      O futuro, porém, ainda é incerto. Não se sabe se as dezenas de startups conseguirão manter seus clientes à medida que as gigantes ampliam sua atuação.

      “Na maioria dos casos, não se trata de quem tem a melhor tecnologia — e sim de quem sabe utilizá-la melhor e vender seus produtos de forma mais eficaz”, avaliou Scott Raney, diretor da Redpoint Ventures, que investe na Sourcegraph e na Poolside, empresa que está desenvolvendo seu próprio modelo de IA.

      Modelos personalizados de IA

      Atualmente, muitas dessas startups dependem do modelo Claude, da Anthropic — que ultraou os US$ 3 bilhões em receita anualizada em maio, em parte graças às taxas pagas por empresas de geração de código.

      Algumas startups, no entanto, estão tentando criar seus próprios modelos. A Windsurf anunciou em maio o desenvolvimento de modelos internos otimizados para engenharia de software. A Cursor, por sua vez, contratou uma equipe de pesquisadores para treinar modelos de larga escala próprios, buscando reduzir os custos com fornecedores de modelos fundacionais.

      Treinar um modelo de IA do zero, no entanto, é um desafio caro. Os custos com infraestrutura computacional podem facilmente chegar a milhões de dólares.

      A Replit, por exemplo, abandonou seus planos de treinar um modelo próprio. Já a Poolside, que captou mais de US$ 600 milhões, firmou uma parceria com a Amazon Web Services e está testando sua tecnologia com alguns clientes — embora ainda não tenha lançado nenhum produto ao público.

      Outra startup do setor, a Magic Dev, arrecadou quase US$ 500 milhões desde 2023 e prometeu lançar um modelo de IA avançado no verão de 2024. No entanto, o produto ainda não foi disponibilizado.

      A Poolside não comentou o andamento do projeto. A Magic Dev não respondeu ao pedido da Reuters.

      Reportagem de Anna Tong e Krystal Hu, em Nova York; edição de Kenneth Li e Michael Learmonth

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