Síria: Ministro da Defesa anuncia unificação total das forças militares sob comando estatal
Marhaf Abu Qasra afirma que todas as unidades armadas foram integradas ao Ministério da Defesa e dá prazo de 10 dias para adesão de grupos remanescentes
247 - O Ministro da Defesa da Síria, Major-General Engenheiro Marhaf Abu Qasra, anunciou neste sábado a conclusão do processo de unificação de todas as unidades militares sob a estrutura do Ministério da Defesa. A informação foi divulgada pela agência estatal SANA.
“Ao povo livre da Síria, imediatamente após a libertação da Síria, começamos a trabalhar para integrar as unidades militares dentro de uma estrutura institucional unificada, e hoje trazemos ao nosso honrado povo a notícia da integração de todas as unidades sob o Ministério da Defesa da Síria”, escreveu o ministro em sua conta na plataforma X.
Abu Qasra expressou agradecimento aos comandantes e soldados das unidades militares pelo “frutífero trabalho conjunto e alto compromisso”, destacando a consciência deles sobre a importância e as exigências desta fase.
Ele também enfatizou a necessidade de que os pequenos grupos militares remanescentes se integrem ao ministério no prazo máximo de 10 dias a partir da data do anúncio, para completar os esforços de unificação e organização. O ministro advertiu que qualquer atraso nesse processo exigirá medidas apropriadas de acordo com as leis em vigor.
“Que Deus proteja a Síria e seu povo e nos conceda sucesso para o bem do país e de seus cidadãos”, concluiu Abu Qasra.
A integração das forças armadas ocorre após a queda do regime de Bashar al-Assad em dezembro de 2024, quando o novo governo interino iniciou um processo de reestruturação das instituições militares e de segurança. A iniciativa visa consolidar as diversas facções armadas que atuaram durante o conflito em uma força militar nacional unificada.
Segundo informações anteriores, cerca de 100 facções armadas concordaram em se integrar ao novo exército sob o comando do Ministério da Defesa. Entretanto, algumas unidades, como a “Oitava Brigada” em Daraa, liderada por Ahmad al-Awda, ainda demonstram hesitação quanto à integração, embora mantenham diálogo com o ministério.
Novo governo assumiu em dezembro e já tem apoio ocidental
Em 29 de março de 2025, Ahmed al-Sharaa, ex-líder do grupo Hay'at Tahrir al-Sham (HTS), assumiu a presidência da Síria, liderando um governo de transição após a deposição de Bashar al-Assad em dezembro de 2024.
A nova istração, composta por 23 ministros, vem prometendo representar a diversidade étnica e religiosa do país, incluindo membros das comunidades alauíta e drusa .
Apesar das promessas de inclusão, o novo governo enfrenta críticas devido às suas origens jihadistas e à presença de figuras controversas em cargos de poder. A comunidade internacional permanece cautelosa, embora alguns países tenham iniciado a retirada gradual de sanções, buscando incentivar reformas e a estabilidade na região.
Em março, o governo de transição engajou em confrontos contra minorias aluaítas no país, ligados historicamente ao ex-presidente Assad. Esses ataques resultaram em confrontos intensos, com centenas de mortos, incluindo civis, e reacenderam tensões sectárias.
Em resposta às crescentes ameaças, o presidente al-Sharaa anunciou a criação do Conselho de Segurança Nacional, com o objetivo de coordenar as ações de segurança e conter a violência . O governo também lançou operações para desmantelar redes de contrabando ligadas ao Hezbollah e ao Irã, buscando reduzir a influência externa e restaurar a soberania nacional.
Apesar dos esforços para consolidar o poder e promover a estabilidade, o novo governo sírio enfrenta desafios significativos, incluindo a necessidade de reconciliar facções internas, lidar com a desconfiança internacional e prevenir o ressurgimento de conflitos sectários que possam comprometer o futuro do país.
Já em maio, os Estados Unidos anunciaram a suspensão total das sanções impostas à Síria, marcando uma mudança significativa na política externa americana. O presidente Donald Trump declarou que a medida visa apoiar a reconstrução do país após anos de conflito e isolamento internacional .
Essa decisão foi acompanhada por ações semelhantes da União Europeia e do Reino Unido. A UE suspendeu restrições em setores-chave como energia, transporte e bancário, enquanto o Reino Unido revogou sanções sobre diversas entidades e setores econômicos.
A suspensão das sanções resultou em um aumento significativo no interesse de investidores estrangeiros. Empresas de países como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Turquia demonstraram interesse em participar da reconstrução da infraestrutura síria.
Um exemplo notável é o acordo de US$ 800 milhões entre o governo sírio e a DP World para modernizar o porto de Tartus, visando impulsionar o comércio e a economia local.
Internamente, o governo de transição sírio implementou reformas econômicas para facilitar o comércio e atrair investimentos. Medidas incluem a liberalização de controles de importação e exportação e a reabertura de bancos, com o objetivo de estabilizar a moeda local e reduzir a inflação .
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