Secretário do Tesouro diz que economia dos EUA está pronta para "crescer e resistir"
Scott Bessent afirma que cortes de impostos, tarifas e desregulamentação impulsionarão investimentos e reduzirão déficits
Reuters – O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmou nesta segunda-feira (5) que a combinação entre tarifas comerciais, cortes de impostos e medidas de desregulamentação promovidas pelo presidente Donald Trump formam um conjunto integrado de políticas destinadas a atrair investimentos de longo prazo para a economia americana. Segundo ele, os mercados financeiros dos EUA são "antifrágeis" e estão preparados para resistir a eventuais turbulências de curto prazo.
As declarações foram feitas durante a conferência global do Milken Institute, em Los Angeles, em discurso previamente preparado. Bessent saiu em defesa das tarifas impostas por Trump, mas destacou sobretudo a nova proposta de lei tributária republicana em tramitação no Congresso. O projeto, segundo ele, tornaria permanentes várias das reduções de impostos implementadas no primeiro mandato, como as deduções fiscais para pequenos negócios.
“Os principais pilares da agenda econômica de Trump — comércio, cortes de impostos e desregulamentação — não são políticas isoladas. São partes interconectadas de um motor concebido para impulsionar o investimento de longo prazo na economia americana”, declarou o secretário.
Desde sua posse para um segundo mandato em 20 de janeiro, Trump vem adotando uma série de tarifas com o objetivo de estimular empresas a transferirem sua produção para o território americano. Bessent afirmou que companhias presentes na conferência são o público-alvo dessas medidas, incentivadas a construir fábricas e produzir dentro dos EUA.
Segundo ele, as empresas que aderirem a esse esforço serão recompensadas com benefícios fiscais e regulatórios. A nova legislação tributária, por exemplo, incluiria créditos e deduções para pesquisa e inovação em áreas de alta tecnologia. O texto também restauraria a depreciação imediata de 100% para compra de equipamentos, ampliando a vantagem para a construção de novas fábricas — o que, na avaliação do secretário, acelerará os investimentos.
“O plano econômico do presidente vai gerar mais. Mais empregos, mais casas, mais crescimento, mais fábricas, mais plantas industriais estratégicas, mais semicondutores, mais energia, mais oportunidades, mais defesa, mais segurança econômica, mais inovação”, disse Bessent.
Em entrevista posterior à emissora CNBC, Bessent afirmou que as medidas podem fazer o crescimento econômico dos EUA chegar próximo de 3% até o mesmo período do ano que vem, o que permitiria reduzir os déficits orçamentários à média histórica em relação ao PIB.
No entanto, no primeiro trimestre de 2025, a economia americana sofreu contração pela primeira vez em três anos. A retração foi atribuída ao aumento de importações motivado pela antecipação de tarifas. O Fundo Monetário Internacional projeta um crescimento de apenas 1,8% para os EUA neste ano.
Redução gradual do déficit
Bessent sugeriu que o caminho mais eficaz para cortar o déficit seria uma redução anual de cerca de US$ 300 bilhões, o equivalente a 1 ponto percentual do PIB americano, hoje estimado em quase US$ 30 trilhões.
“Estamos falando de reduzir o déficit em cerca de 100 pontos-base por ano durante quatro anos, para nos trazer de volta à média histórica de 3,5%”, explicou. “E um grande remédio para o déficit é um choque positivo de crescimento.”
Durante sua fala no Milken Institute, o secretário argumentou que, ao eliminar o risco de crédito da dívida pública dos EUA por meio da redução do déficit, as taxas de juros tenderiam a cair naturalmente.
Ele concluiu com uma defesa enfática da resiliência histórica dos mercados financeiros americanos, mencionando momentos críticos como a Grande Depressão, as duas guerras mundiais, os atentados de 11 de setembro de 2001, a crise financeira de 2008-2009, a pandemia de COVID-19 e o recente surto inflacionário.
“Cada vez que a economia americana é derrubada, ela se levanta novamente. E volta mais forte do que era antes”, declarou. “Os mercados dos EUA são antifrágeis. Na verdade, toda a nossa história econômica pode ser resumida em cinco palavras: ‘Sempre em frente e para cima’.”
Reportagem de David Lawder; edição de Chizu Nomiyama, Paul Simao e Andrea Ricci
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