Rússia propõe retomada gradual de laços com Ucrânia e reativação do trânsito de gás
Memorando apresentado em Istambul sugere restabelecimento de relações diplomáticas e econômicas, incluindo o fluxo de gás natural
247 - Durante a segunda rodada de negociações diretas entre Rússia e Ucrânia, realizada em Istambul nesta segunda-feira, representantes russos apresentaram um memorando em duas partes propondo a restauração progressiva das relações diplomáticas e econômicas entre os dois países, com destaque para a retomada do trânsito de gás natural. A informação foi divulgada pela agência estatal russa Tass, que teve o ao documento.
O memorando delineia condições para um cessar-fogo permanente e um acordo de paz abrangente. Entre os pontos centrais está a reativação do transporte de gás russo através do território ucraniano, interrompido desde 1º de janeiro de 2025, quando expirou o contrato de cinco anos entre a estatal russa Gazprom e a ucraniana Naftogaz. Desde então, a Ucrânia recusou-se a renovar o acordo, encerrando uma rota histórica de fornecimento de energia para a Europa.
Com o fim do trânsito pelo território ucraniano, o gasoduto TurkStream, que contorna a Ucrânia pelo Mar Negro até a Turquia, tornou-se a única via terrestre restante para o gás russo chegar à Europa. Dados da Reuters indicam que, em maio de 2025, as exportações russas por esse canal aumentaram 10,3% em relação a abril, atingindo uma média de 46 milhões de metros cúbicos por dia. Apesar desse crescimento, os volumes ainda estão aquém dos níveis anteriores à guerra.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, criticou a proposta russa, classificando-a como "mais uma enganação". Em pronunciamento recente, afirmou que nem a Ucrânia, nem seus aliados, tampouco a Turquia, receberam o memorando prometido pela Rússia, apesar das declarações públicas de Moscou. Autoridades ucranianas expressaram preocupação de que o documento possa conter exigências inaceitáveis, sugerindo uma tentativa russa de minar as negociações de paz.
A interrupção do trânsito de gás pela Ucrânia teve impactos significativos. A Gazprom, estatal russa de energia, registrou um aumento na receita e no lucro no primeiro trimestre de 2025, impulsionado pela alta dos preços do gás na Europa, que subiram devido à redução na oferta. Segundo a agência EADaily, a receita do grupo atingiu 2,809 trilhões de rublos, com o segmento de gás representando 60% desse total.
Enquanto isso, a Ucrânia enfrenta desafios econômicos decorrentes da perda das taxas de trânsito, estimadas em até US$ 1 bilhão anuais. Para compensar, o governo ucraniano quadruplicou as tarifas de transmissão de gás para consumidores domésticos, medida que pode custar à indústria local mais de 1,6 bilhão de hryvnias por ano.
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