Relatório de direitos humanos denuncia "assassinatos motivados por vingança e sectarismo" na Síria
A violência se intensificou após uma emboscada de leais a Assad contra as forças de segurança do governo de transição
247 - Um novo relatório divulgado pela Syrian Network for Human Rights (SNHR) revelou a gravidade dos massacres ocorridos na região costeira da Síria entre os dias 6 e 10 de março de 2025. De acordo com a entidade, pelo menos 803 pessoas foram mortas no período, em um dos piores surtos de violência sectária desde a queda do regime de Bashar al-Assad em dezembro de 2024.
O documento denuncia que as violações incluem "execuções extrajudiciais, execuções em campo e massacres sistemáticos motivados por vingança e sectarismo". As informações foram confirmadas pelo The New York Times, que apontou que as províncias mais afetadas foram Latakia e Tartus, áreas predominantemente habitadas pela minoria Alauita, um ramo do islamismo xiita.
O relatório revela que essas violações incluíram execuções extrajudiciais, execuções em campo e assassinatos em massa sistemáticos motivados por vingança e sectarismo. Além disso, civis, incluindo pessoal médico, jornalistas e trabalhadores humanitários, foram alvos. As violações também se estenderam a ataques a instalações públicas e dezenas de propriedades públicas e privadas, causando ondas de deslocamento forçado que afetaram centenas de moradores.
A violência se intensificou após uma emboscada de leais a Assad contra as forças de segurança do governo de transição, liderado por terroristas sunitas que combateram o líder sírio durante os 13 anos de guerra civil. O contra-ataque do governo resultou em uma escalada de represálias contra civis, com registros de assassinatos em massa e execuções sumárias, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) e organismos de monitoramento internacional.
O Secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, declarou que o governo norte-americano está acompanhando de perto as decisões das autoridades interinas na Síria e manifestou preocupação com "a violência mortal recente contra minorias". A SNHR indicou que os ataques não se restringiram apenas a alvos militares e policiais, mas também atingiram hospitais, jornalistas e trabalhadores humanitários. Ao menos 27 profissionais da saúde estão entre as vítimas.
O relatório da SNHR detalha que a complexidade do atual cenário se deve à presença de vários atores no conflito e à dificuldade em estabelecer responsabilidades legais individuais. A crise humanitária se agravou com deslocamentos forçados e desaparecimentos em massa, tornando o restabelecimento da ordem um desafio para o governo de transição.
Diante da pressão internacional e das denúncias sobre a violência indiscriminada, o presidente Ahmed Al-Shara' anunciou a criação de um comitê nacional independente para investigar os crimes ocorridos na região costeira, com previsão de apresentação de um relatório final em 30 dias. No entanto, a SNHR recomendou que o grupo tenha uma composição mais diversa, incluindo representantes de organizações de direitos humanos e membros da comunidade alauita, para garantir maior transparência e credibilidade ao processo investigativo.
A entidade também sugeriu a ampliação do período de apuração, dada a complexidade dos eventos e a necessidade de reunir provas de forma detalhada e precisa. Além disso, a SNHR alertou que, sem responsabilização adequada, o ciclo de violência pode se perpetuar, favorecendo um ambiente de impunidade e novos conflitos.
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