"Regra número um: não mexam com o Iêmen", diz Pepe Escobar
Em edição especial do programa Pepe Café, jornalista relata visita recente ao país e denuncia bombardeios dos Estados Unidos
247 – O jornalista e analista geopolítico Pepe Escobar trouxe um alerta contundente na edição mais recente de seu programa Pepe Café, transmitido no YouTube: “Regra número um: não mexam com o Iêmen”. Recém-chegado do país do Oriente Médio, Escobar revelou ter testemunhado pessoalmente os efeitos devastadores da ofensiva militar liderada pelos Estados Unidos e compartilhou provas da utilização de armamentos norte-americanos contra a população iemenita.
“Isso é um fragmento de uma bomba americana de um hospital em Saada, no norte do Iêmen, que eu trouxe na minha mochila”, afirmou, mostrando uma peça metálica com o número de contrato e o nome do fabricante claramente visíveis. “Isso agora está com a equipe de investigação que os iemenitas estão formando para documentar os crimes.”
Um povo em resistência diante de um império em fúria
Ao relatar sua experiência, Escobar destacou a dignidade e a resiliência do povo iemenita, sobretudo da organização Ansarallah (também conhecida como Houthis), que tem resistido à ofensiva ocidental mesmo sob intenso bombardeio. Em seu discurso, enfatizou o isolamento em que o país resiste:
“Vocês estão enfrentando sozinhos a ira de um império desmesurado e completamente fora de controle”, disse Escobar, referindo-se aos Estados Unidos, hoje governados, segundo ele, por um “condutor circense” — uma crítica direta ao presidente Donald Trump, que iniciou seu segundo mandato em janeiro de 2025.
O jornalista relatou ainda ter discursado para uma multidão de aproximadamente um milhão de pessoas em Sana, capital do Iêmen, em um momento que descreveu como “extraterrestre de felicidade”.
Escalada militar e risco de guerra com o Irã
Durante o Pepe Café, Escobar também analisou os movimentos recentes do Pentágono na base de Diego Garcia, que estaria acumulando armamento pesado não apenas para o Iêmen, mas como parte de uma possível ofensiva contra o Irã.
“Eles estão preparando a opinião pública americana e global para um ataque contra o Irã”, alertou. “Porque o Irã não vai aceitar os termos de um novo acordo nuclear que ignora sua soberania.”
Segundo Escobar, o Irã já deu respostas indiretas e firmes, exigindo respeito mútuo e diálogo sério. “Sem respeito à nossa soberania, não temos nada para conversar”, citou ele, referindo-se à posição da liderança iraniana.
BRICS e a resposta racional à ofensiva imperial
Para Escobar, a única resistência organizada ao que chama de “império em declínio” vem da aliança entre Rússia, China e Irã, todos integrantes do BRICS. A visita recente do chanceler chinês Wang Yi a Moscou e a preparação para a viagem de Xi Jinping à Rússia em maio são, para ele, sinais de articulação estratégica de um mundo multipolar.
“A diplomacia é a arma dos adultos”, concluiu Escobar. “Bebês mimados narcisistas costumam ter um tipo de punição que o circo não vai gostar.”
Diante do avanço do conflito no Iêmen, que ele classifica como “a antecâmara do horror”, o jornalista expressou preocupação com o possível alastramento da guerra e destacou a importância da cúpula dos BRICS, que será realizada no Rio de Janeiro em julho.
“Essa guerra não será apenas contra o Iêmen. Será contra os BRICS e contra o sul global como um todo.”
Com sua narrativa afiada, Escobar continua sendo uma das vozes mais contundentes da mídia independente internacional, desafiando versões oficiais e iluminando os bastidores das disputas geopolíticas mais perigosas do século XXI. Assista:
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