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      Recuo no 'tarifaço' foi planejado desde o início, alegam auxiliares de Trump; imprensa vê rendição

      Setoristas da Casa Branca afirmam que a queda na popularidade do presidente e a quebra de confiança na economia dos EUA levaram Trump a recuar

      Donald Trump (Foto: Reuters/Carlos Barria)
      Guilherme Levorato avatar
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      247 - A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aliviar o tarifaço anunciado dias antes, foi classificada como uma jogada estratégica por seus assessores, mas o próprio mandatário ofereceu uma versão distinta. Segundo o g1, enquanto membros do governo defenderam a ação como parte de um plano para pressionar adversários comerciais, Trump afirmou que resolveu mudar de ideia apenas nas últimas horas.

      “Alguns de vocês claramente não entenderam ‘A Arte da Negociação’”, afirmou a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, em coletiva realizada ao lado do secretário de Comércio, Scott Bessent. A frase remete ao livro publicado nos anos 1980, creditado a Trump, que mistura memórias e conselhos de negócios e se tornou best-seller nos Estados Unidos.

      O anúncio de recuo foi feito após o governo declarar, uma semana antes, uma tarifa generalizada de 125% sobre produtos chineses e tributos de 20% a 30% para diversos outros parceiros comerciais. Agora, segundo Leavitt e Bessent, a imposição caiu para 10% em boa parte dos casos — exceto no que se refere à China.

      Secretário de Comércio: “foi a estratégia desde o início” - Bessent afirmou que a manobra foi planejada. “Essa foi a estratégia dele desde o início, e pode-se até dizer que ele colocou a China em uma posição difícil”, disse. Para o secretário, a economia chinesa seria “a mais desequilibrada da história do mundo moderno” e “a maior fonte dos problemas comerciais dos Estados Unidos”.

      A visão foi endossada por figuras como o megainvestidor Bill Ackman, que escreveu em rede social: “isso foi executado brilhantemente por Donald Trump. Um exemplo clássico da ‘Arte da Negociação’”.

      A própria Casa Branca reforçou esse discurso em publicações na rede X (antigo Twitter), sugerindo que o gesto de recuo não deve ser lido como fraqueza, mas como uma parte do jogo calculado de Trump para obter concessões comerciais.

      Declaração de Trump contradiz versão de aliados - Apesar do esforço para enquadrar a medida como fruto de planejamento, o próprio presidente deu outra versão. Em entrevista no Salão Oval, Trump afirmou ter tomado a decisão apenas na manhã de quarta. “Pensei muito nos últimos dias e achei melhor recuar”, disse, sem mencionar qualquer plano anterior nesse sentido.

      Para analistas econômicos ouvidos por veículos americanos, a mudança repentina e a falta de coerência entre as falas de Trump e de seus auxiliares revelam os riscos de instabilidade associados à política comercial do republicano. A adoção de tarifas agressivas havia sido criticada por ameaçar os vínculos com aliados históricos e por contribuir para uma piora na imagem dos EUA como parceiro confiável.

      Segundo Charlie Gasparino, correspondente da Fox Business na Casa Branca, a decisão foi tomada às pressas após a venda recorde de títulos americanos na terça-feira (8), movimento interpretado como sinal de desconfiança dos mercados. O governo Trump decidiu "capitular”, escreveu.

      Economia e política sob pressão - Na véspera do anúncio, três pesquisas mostraram queda na aprovação de Trump. Com receio de recessão e das consequências de uma escalada na guerra comercial com a China, economistas aram a alertar sobre o impacto de políticas voláteis.

      As preocupações não se limitam ao campo econômico. No cenário político, o republicano enfrenta crescente pressão interna, inclusive entre membros de seu partido, para moderar medidas consideradas radicais ou imprevisíveis.

      A lógica da ‘Arte da Negociação’ e sua aplicação à política externa - Publicada em 1987 e escrita em coautoria com o jornalista Tony Schwartz, A Arte da Negociação tornou-se um dos pilares da imagem pública de Donald Trump. Entre os princípios defendidos no livro, destacam-se a importância de “pensar grande”, “negociar com base na força”, “divulgar seus negócios”, “ser durão” e “acreditar nos próprios instintos”.

      Especialistas enxergam paralelos entre essas ideias e a atuação de Trump como presidente. Ao impor tarifas elevadas logo de início, por exemplo, ele cria um cenário de alta tensão que, ao ser amenizado, pode parecer uma concessão generosa — ainda que os tributos permaneçam acima do que estavam antes.

      Outro ponto abordado no livro é o uso da exposição midiática como tática: Trump acredita que a atenção, mesmo quando negativa, pode ser uma vantagem. Isso explicaria sua disposição em fazer anúncios polêmicos e provocar adversários.

      Contudo, críticos lembram que a obra traz diversas imprecisões e omite fracassos do empresário, como a malsucedida tentativa de criar uma liga de futebol americano nos anos 1980. Ainda segundo biógrafos, parte do império que sustentava a imagem de sucesso do então magnata era financiado por empréstimos garantidos por bens do pai.

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