Quem é o Cardeal que desafia veto do Papa Francisco e exige direito a votar no conclave
Protagonista de escândalo financeiro no Vaticano, o italiano insiste em participar da escolha do próximo pontífice, apesar da punição imposta em 2020
247 - O cardeal italiano Angelo Becciu voltou a provocar polêmica no Vaticano ao insistir em seu direito de participar da eleição do novo papa, mesmo após ter sido banido do conclave por decisão direta do papa Francisco. As informações são da CNN Brasil, com reportagem de Tiago Ferreira Resende.
Becciu, de 76 anos, foi destituído de seu cargo e perdeu o direito de voto em futuros conclaves após se envolver em um escândalo financeiro de grandes proporções em 2020, relacionado à aquisição de um imóvel de luxo em Londres, que resultou em um prejuízo estimado em 139 milhões de euros para os cofres da Santa Sé. A decisão de Francisco, que rompeu com precedentes, foi uma das medidas mais drásticas do seu pontificado no combate a irregularidades internas na Igreja.
Ainda assim, Becciu afirma que não reconhece o veto. Em entrevista ao jornal italiano L’Unione Sarda, ele contestou publicamente sua exclusão da lista oficial de eleitores do conclave, divulgada recentemente pela Santa Sé. “Ao convocar-me para o último consistório, o papa reconheceu as minhas prerrogativas cardinalícias, na medida em que não houve nenhuma vontade explícita de me excluir do conclave, nem houve qualquer pedido explícito por escrito de minha renúncia”, argumentou o cardeal.
Segundo ele, a lista divulgada pela Santa Sé “não tem qualquer valor e deve ser considerada como tal”. Ele também reafirmou sua inocência no processo judicial que o condenou por fraude fiscal em 2023, sentença da qual ainda recorre. O cardeal alega que foi alvo de uma acusação injusta e que a condenação comprometeu indevidamente sua carreira e reputação.
Antes do escândalo, Angelo Becciu era apontado como um dos favoritos à sucessão de Francisco. Tinha prestígio dentro da Cúria Romana e ocupava o terceiro posto mais importante na hierarquia do Vaticano. Sua queda, no entanto, foi abrupta e amplamente repercutida, abrindo um precedente inédito na história recente da Igreja.
A polêmica sobre sua presença no conclave reacende o debate sobre os limites do poder papal e a transparência das decisões que afetam o Colégio Cardinalício. O caso de Becciu também não é isolado: outros religiosos foram discretamente afastados sob o pontificado de Francisco, como o peruano Juan Luis Cipriani, ex-arcebispo de Lima, que foi silenciado após denúncias de abusos sexuais.
A decisão final sobre a eventual participação de Becciu na eleição do próximo papa caberá ao decano do Colégio Cardinalício, o reverendo Giovanni Battista Re, que assume funções protocolares até a escolha do novo pontífice.
Enquanto isso, o Vaticano se vê novamente às voltas com uma disputa interna em um dos momentos mais delicados da história recente da Igreja Católica.
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