Presidência sul-africana no G20 fortalece papel da África nas decisões globais
Com a inclusão da União Africana no G20, continente a a influenciar diretamente as grandes pautas econômicas e políticas mundiais
247 - A presidência do G20 assumida pela África do Sul em 2025 representa um marco estratégico para o continente africano. A análise é de Claver Gatete, secretário executivo da Comissão Econômica das Nações Unidas para a África (UNECA), em entrevista concedida à Sputnik África .
Segundo Gatete, a liderança sul-africana, somada à recente inclusão da União Africana como membro permanente do G20, é uma chance histórica para que a África deixe de ser objeto das decisões internacionais e e a ser um sujeito ativo na formulação de políticas globais. “Caso contrário, como as questões africanas viriam à tona para a discussão dos 20 países mais ricos do mundo? Por isso é muito, muito importante que desta vez tenha sido a nossa”, afirmou o secretário executivo.
A União Africana ou a integrar oficialmente o G20 durante a cúpula realizada na Índia, em 2023, o que foi amplamente comemorado como um reconhecimento da relevância crescente do continente no cenário internacional. Agora, com a África do Sul ocupando a presidência rotativa do grupo em 2025, abre-se uma janela de oportunidade para avançar com as pautas prioritárias africanas, como desenvolvimento sustentável, justiça climática, financiamento para infraestrutura e reforma das instituições de governança econômica global.
Para Gatete, a atuação africana no G20 deve buscar “não apenas representar o continente, mas também apresentar soluções concretas que levem em consideração a realidade africana e promovam um crescimento inclusivo”. O representante da ONU salientou ainda que a África é um continente jovem e em expansão, com enorme potencial produtivo e energético, que precisa ser integrado de forma mais justa à economia mundial.
A presidência do G20 por um país africano também pode contribuir para aproximar o grupo das necessidades do Sul Global, impulsionando maior equidade nas decisões multilaterais. Gatete defende uma postura mais assertiva por parte dos países africanos: “Não estamos lá apenas para escutar, mas para dizer como vemos o mundo e como queremos ser tratados”.
Essa nova configuração do G20 amplia as expectativas sobre a possibilidade de reformas estruturais nos mecanismos de financiamento internacional, incluindo a revisão das regras de empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e a democratização das instâncias decisórias do Banco Mundial.
Com o fortalecimento da representatividade africana, especialistas esperam que temas historicamente marginalizados em a integrar a agenda central do G20 — como o combate à evasão fiscal corporativa, a renegociação das dívidas externas africanas e a construção de cadeias produtivas mais equilibradas e diversificadas.
A cúpula do G20 sob a liderança sul-africana ocorrerá no final de 2025 e já está sendo preparada com extensa consulta aos países-membros da União Africana. A expectativa é que a reunião represente um ponto de inflexão nas relações entre o Norte e o Sul globais, com foco em soluções compartilhadas e no fortalecimento da cooperação multilateral.
A presidência africana no G20, como ressaltou Claver Gatete, não é apenas uma conquista simbólica, mas um espaço estratégico de disputa e construção de um novo equilíbrio global — mais inclusivo, mais justo e mais atento às vozes do continente africano.
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