Polarização nos EUA é mais profunda que no Brasil, revela pesquisa

247 - A polarização política tem sido um fenômeno marcante tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos em anos recentes, mas um levantamento realizado pelo Instituto Locomotiva em parceria com o Pew Research aponta que, entre os americanos, o abismo ideológico é ainda mais acentuado. Divulgada com exclusividade pelo jornal O Globo, a pesquisa analisou divergências em oito temas centrais, comparando as posições de eleitores do republicano Donald Trump e da democrata Kamala Harris com as de brasileiros que apoiaram Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais de 2022.

Os resultados destacam que, em sete dos oito temas abordados, a distância entre eleitores americanos supera a registrada entre lulistas e bolsonaristas. Os temas analisados incluem identidade de gênero, posse de armas, estrutura familiar, religião e política, imigração, mulheres na sociedade, população negra e justiça criminal. Apenas na questão sobre considerar o casamento e a criação de filhos como prioridade, o Brasil apresentou uma divisão ligeiramente maior.

Em termos quantitativos, a média de divergência entre eleitores de Lula e Bolsonaro foi de 19 pontos percentuais. Nos Estados Unidos, esse índice sobe para impressionantes 45 pontos percentuais, mais que o dobro do registrado no Brasil. O estudo reforça a ideia de que a polarização é uma questão global, mas com intensidades e nuances diferentes em cada contexto nacional.

O levantamento também sugere que a polarização americana reflete um cenário cultural e político mais cristalizado. As diferenças ideológicas entre eleitores de Trump e Kamala Harris demonstram maior distância em relação a temas sociais e culturais, enquanto, no Brasil, os pontos de divergência se concentram mais em aspectos econômicos e na avaliação de governos.

O estudo ganha relevância em um momento em que ambas as democracias enfrentam desafios para promover o diálogo entre grupos com visões diametralmente opostas. A maior distância nos Estados Unidos reforça a necessidade de iniciativas que busquem reduzir as tensões e fomentar a compreensão mútua, enquanto o Brasil também lida com as consequências de sua própria divisão política.