Órgão do Congresso dos EUA prevê rombo de US$ 2,4 trilhões com pacote aprovado pelos republicanos
Estimativa pressiona base legislativa de Trump após aprovação de projeto que pode tirar 11 milhões de pessoas dos planos de saúde nos EUA
247 - O Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), órgão técnico e apartidário do Legislativo dos Estados Unidos, estimou nesta quarta-feira (5) que o pacote fiscal aprovado pela maioria republicana na Câmara dos Deputados no mês ado elevará o déficit federal em US$ 2,4 trilhões ao longo da próxima década. A reportagem é do site Politico.
A nova projeção ampliou a controvérsia em torno da proposta, que combina cortes de impostos e gastos públicos em áreas como saúde e programas sociais. O cálculo do CBO também contradiz declarações recentes de integrantes do governo do presidente Donald Trump e líderes da Câmara, que minimizaram os impactos da medida e aram a atacar a credibilidade do órgão.
O ex-chefe do Departamento de Eficiência Governamental da gestão Trump, Elon Musk, foi um dos primeiros a criticar publicamente o projeto. “Massivo, ultrajante, uma abominação recheada de privilégios”, disparou.
A estimativa oficial do CBO foi tema da reunião fechada dos deputados republicanos na manhã da divulgação, com o presidente da Câmara, Mike Johnson, acusando Musk de basear suas críticas em “números enganosos”.
Em entrevista breve, o líder da maioria na Câmara, Steve Scalise, reforçou a ofensiva contra o órgão: “Qualquer um que cite o CBO precisa reconhecer seu histórico de erros em previsões”, disse, citando as projeções da reforma tributária de 2017.
A Casa Branca também tentou antecipar o impacto político da divulgação. A secretária de imprensa Karoline Leavitt classificou os técnicos do CBO como “partidários e políticos” com “viés favorável aos democratas”.
No entanto, o atual diretor do escritório, Phillip Swagel, atuou no governo George W. Bush e tem histórico de doações a candidatos republicanos. Ele ocupa o cargo desde 2019 e foi reconduzido por indicação do deputado Jodey Arrington, republicano do Texas.
Apesar dos ataques, o relatório do CBO terá papel decisivo na tramitação do projeto. O Senado agora avalia o texto dentro do processo de reconciliação orçamentária — mecanismo que permite sua aprovação por maioria simples, sem risco de obstrução pela minoria democrata. Com as modificações feitas pelos senadores, o CBO precisará refazer a estimativa com base no novo conteúdo.
Diferente de análises anteriores, que trataram partes isoladas da proposta, o novo relatório considera os efeitos combinados entre os blocos da legislação. Um dos destaques está nas medidas propostas pela Comissão de Energia e Comércio, que gerariam economia de US$ 1,1 trilhão — valor superior à meta inicial de US$ 880 bilhões. Grande parte desses cortes viria de mudanças no Medicaid, sistema público de saúde voltado a famílias de baixa renda.
Entre as medidas que geram maior economia, estão os novos requisitos obrigatórios de trabalho para beneficiários do Medicaid, que somam US$ 344 bilhões, e o congelamento dos impostos cobrados de prestadores de serviços de saúde pelos estados, que representam mais US$ 89 bilhões. Esta última proposta, no entanto, tem gerado resistência até mesmo entre parlamentares republicanos.
As mudanças propostas devem provocar o desligamento de cerca de 11 milhões de pessoas dos planos de saúde, segundo o CBO. Desse total, 7,8 milhões perderiam o ao Medicaid, 1,4 milhão seriam excluídos por não atenderem critérios de imigração, e o restante deixaria de ser atendido pelas regras do Affordable Care Act, o sistema conhecido como “Obamacare”.
O deputado democrata Frank Pallone, de Nova Jersey, líder da oposição na Comissão de Energia e Comércio, classificou como “chocante” a decisão de votar o pacote antes da divulgação dos dados do CBO. “A verdade é que os líderes republicanos correram para aprovar esse projeto sob a cobertura da noite porque não queriam que as pessoas soubessem das consequências catastróficas”, declarou.
Os republicanos reagiram à acusação. “Os democratas podem espalhar medo o quanto quiserem, mas os fatos continuam os mesmos”, disse um porta-voz do partido na comissão. “Está claro que os democratas estão priorizando imigrantes ilegais e adultos em idade produtiva, em vez dos americanos vulneráveis para os quais o programa foi criado — gestantes, crianças, idosos de baixa renda e pessoas com deficiência.”
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