Morre médico palestino que teve nove dos dez filhos mortos por ataque israelense
Hamadi al-Najjar foi vítima do mesmo bombardeio que matou quase toda sua família em Khan Younis; apenas sua esposa e um filho sobreviveram
247 - O médico palestino Hamadi al-Najjar, de 40 anos, morreu no último sábado (31) em decorrência dos ferimentos sofridos em um ataque aéreo israelense na Faixa de Gaza, informaram autoridades de saúde nesta segunda-feira (2). O bombardeio, ocorrido em 23 de maio, atingiu sua casa em Khan Younis, no sul do território palestino, e matou nove dos seus dez filhos. O filho sobrevivente, Adam, de 11 anos, permanece hospitalizado em estado grave. As informações são do jornal O Globo.
Segundo informações divulgadas pela imprensa internacional, incluindo a BBC, Hamadi havia acabado de retornar para casa após deixar sua esposa, Alaa al-Najjar, no Hospital Nasser, onde ambos trabalhavam, quando o local foi atingido por um bombardeio. Ele foi internado com lesões no cérebro e ferimentos internos, mas não resistiu.
Alaa e Adam são os únicos sobreviventes da família. O filho mais velho tinha 12 anos, e o mais novo, seis meses. O casal havia fundado um centro médico privado em Khan Younis, dirigido por Hamadi. Seu irmão, Ali al-Najjar, disse que ele atendia pacientes pobres gratuitamente e o descreveu como um pai amoroso.
O cirurgião britânico Graeme Groom, responsável por operar Adam, declarou à BBC: “O braço esquerdo de Adam estava praticamente pendurado. Ele estava coberto de estilhaços e tinha vários cortes profundos.” Groom também observou que, apesar de ser filho de dois médicos, Adam “parecia muito mais jovem do que seus 11 anos” quando foi levado à cirurgia.
Na quinta-feira, o governo da Itália ofereceu tratamento médico a Adam. A proposta foi divulgada após seu tio relatar ao jornal italiano La Repubblica que o Hospital Nasser não possuía estrutura para cuidar do menino. Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores da Itália informou que “o governo italiano manifestou sua disposição em transferir o menino gravemente ferido para a Itália” e que estava avaliando a viabilidade da transferência.
No mesmo contexto de agravamento da crise humanitária, ao menos 31 pessoas morreram e mais de 170 ficaram feridas no domingo (1º), durante a distribuição de ajuda humanitária na cidade de Rafah, também no sul da Faixa de Gaza. Autoridades de saúde locais afirmaram que multidões se reuniam para receber alimentos quando tiros foram disparados.
Testemunhas relataram disparos feitos por forças israelenses. O Exército de Israel negou que tenha atirado contra civis próximos ao ponto de distribuição, afirmando que soldados fizeram disparos de advertência contra “vários suspeitos que se aproximavam durante a madrugada”. Segundo um oficial israelense ouvido pela agência Associated Press, os tiros não foram direcionados às pessoas que buscavam ajuda.
A Fundação Humanitária de Gaza, apoiada por Israel e pelos Estados Unidos, afirmou que a distribuição de alimentos foi realizada “sem incidentes”. A fundação divulgou um vídeo, sem verificação independente, que mostraria civis recolhendo alimentos no local. A organização negou relatos de caos ou disparos em seus pontos de distribuição, que operam em zonas controladas pelo Exército israelense, onde a imprensa independente não tem o.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) informou que seu hospital de campanha em Rafah recebeu 179 feridos, incluindo mulheres e crianças. Vinte e um pacientes chegaram mortos, a maioria com ferimentos causados por tiros ou estilhaços. O episódio foi descrito pelo CICV como o que apresentou o maior número de feridos por armas desde a instalação da unidade, há mais de um ano.
Em comunicado, o chefe da agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, afirmou: “A distribuição de ajuda virou uma armadilha mortal.” O Ministério da Saúde informou que a maioria das vítimas foi atingida na parte superior do corpo, como cabeça, pescoço e peito.
Ainda no domingo, projéteis de artilharia israelense atingiram tendas que abrigavam deslocados em Khan Younis, matando três pessoas e ferindo pelo menos 30, segundo informações do Hospital Nasser. O Exército de Israel declarou que o caso está sendo investigado.
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