Meloni se posiciona como o “trunfo” da Europa em visita à Casa Branca
A primeira-ministra da Itália e o presidente dos EUA, Donald Trump, adotaram um tom otimista sobre um possível acordo comercial entre o país e o bloco
Por RFI - Giorgia Meloni – a primeira líder da UE a visitar o presidente americano desde a imposição de tarifas de 20% ao bloco – teve um almoço de trabalho e uma reunião privada com Trump no Salão Oval.
A iração mútua ficou evidente. Trump elogiou Meloni como “fantástica”, enquanto ela destacou a sintonia entre os dois em temas como imigração e ideologia “woke”, chegando a adotar a retórica do presidente ao afirmar que deseja “tornar o Ocidente grande novamente”.
Otimismo sobre acordo comercial
No centro da conversa estava a delicada questão do comércio. Trump, que suspendeu temporariamente tarifas elevadas sobre exportações da UE por 90 dias, demonstrou otimismo em relação a um possível acordo.
“Vai haver um acordo comercial, com 100% de certeza”, declarou ele. Meloni mostrou-se igualmente confiante, dizendo estar “certa” de que um acordo será alcançado.
A líder italiana também usou a visita para se apresentar como a única dirigente europeia capaz de amenizar a postura confrontacional de Trump em relação a Bruxelas.
Enquanto Trump afirma que a UE precisa “agir com inteligência” em questões de defesa e migração, e ameaça impor um acordo comercial caso não haja progresso, o papel de Meloni como mediadora conciliadora ganha peso estratégico.
Ela afirmou que Trump aceitou um convite para visitar Roma “em breve” e que ele poderá se reunir com outros líderes europeus durante a visita.
“Mesmo que tenhamos alguns problemas entre as duas margens do Atlântico, chegou a hora de sentarmos e buscarmos soluções”, completou.
A imprensa italiana informou que um dos objetivos centrais de Meloni era abrir caminho para um possível encontro entre Trump e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
No entanto, a atuação solo da italiana incomodou alguns aliados do bloco. O ministro da Indústria da França, Marc Ferracci, alertou que gestos unilaterais podem “quebrar a dinâmica atual” dentro da UE.
Por outro lado, a Comissão Europeia classificou a aproximação de Meloni com Trump como “muito bem-vinda” e afirmou que houve coordenação com Bruxelas.
Interesses internos
A visita também atendeu a interesses domésticos. A Itália é o quarto maior exportador da UE – cerca de 10% de suas exportações vão para os EUA – e as tarifas ameaçadas por Trump poderiam afetar seriamente a indústria italiana, tornando a diplomacia direta de Meloni ainda mais crucial.
Após a visita a Washington, a primeira-ministra retornou a Roma nesta sexta-feira para se encontrar com o vice-presidente dos EUA, JD Vance, reforçando o papel da Itália como elo transatlântico.
Vance, convertido ao catolicismo, planeja participar de eventos de Páscoa no Vaticano e também se reunirá com o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano.
Nenhum encontro com o Papa Francisco foi anunciado. Aos 88 anos, o pontífice reduziu drasticamente sua agenda após se recuperar de um caso grave de pneumonia dupla.
Francisco e Vance já divergiram publicamente sobre imigração e os planos do governo Trump de deportar em massa migrantes.
Dias antes de ser hospitalizado, o Papa criticou duramente esses planos, alertando que eles tirariam dos migrantes sua dignidade. Em uma carta aos bispos dos EUA, Francisco teria respondido diretamente a Vance, que alegou que a doutrina católica justificaria tais políticas.
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