Medvedev afirma que Putin deveria liderar o "mundo livre" em resposta a diplomata da UE

247 – O ex-presidente da Rússia e atual vice-presidente do Conselho de Segurança do país, Dmitry Medvedev, afirmou que Vladimir Putin deveria assumir o posto de "líder do mundo livre". A declaração foi dada em entrevista à agência russa RIA Novosti neste sábado (2), como resposta à alta representante da União Europeia para Relações Exteriores, Kaja Kallas. A diplomata estoniana sugeriu que o bloco europeu deveria substituir os Estados Unidos na posição de liderança global, após a mudança de postura de Washington em relação à Ucrânia.

Na sexta-feira (1º), Kallas expressou solidariedade ao presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, que se envolveu em um embate verbal com Donald Trump na Casa Branca. O ex-presidente norte-americano acusou Zelensky de não demonstrar gratidão pela assistência militar dos EUA e de relutar em negociar um cessar-fogo na guerra com a Rússia. Em resposta, o ucraniano pressionou por mais apoio militar e alertou que uma eventual interrupção da ajuda poderia prejudicar os próprios interesses dos Estados Unidos.

Diante da situação, Kallas afirmou: “A Ucrânia é Europa! Estamos ao lado da Ucrânia. Vamos reforçar nosso apoio para que eles possam continuar enfrentando o agressor [sic]. Hoje ficou claro que o mundo livre precisa de um novo líder. Cabe a nós, europeus, assumir esse desafio.”

A resposta de Medvedev veio com ironia. “O mundo precisa de um líder, e ele existe. Seu nome é Vladimir Putin”, declarou o ex-presidente russo. Ele também minimizou a capacidade da União Europeia de se tornar uma potência autônoma em relação a Washington. “Eles farão algum barulho, postarão mensagens idênticas nas redes sociais e depois voltarão ao seu cercado. A Europa é uma velha frágil e brigona, totalmente dependente da proteção dos Estados Unidos”, afirmou.

O ex-presidente russo reiterou ainda que Moscou continua disposta a negociar uma solução para o conflito na Ucrânia, mas reforçou que isso deve acontecer sob as condições da Rússia. “Sempre estivemos prontos para negociações, mas qualquer diálogo exige os recíprocos. Só aceitaremos aqueles que correspondam à realidade no terreno e ao nosso ordenamento jurídico básico”, declarou.

Enquanto a União Europeia mantém seu apoio militar a Kiev, a Rússia tem elogiado a postura de Trump, que defende uma solução negociada para o conflito. Moscou critica abertamente a estratégia da UE, que, segundo o Kremlin, apenas prolonga as hostilidades ao continuar armando a Ucrânia.