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      Juíza bloqueia decisão do governo Trump contra matrículas internacionais em Harvard

      Decisão provisória impede por duas semanas a revogação da certificação que permite matrícula de estrangeiros, alvo de retaliação da Casa Branca

      Estudantes caminham no campus da Universidade de Harvard em Cambridge, Massachusetts, EUA, 15 de abril de 2025 (Foto: REUTERS/Faith Ninivaggi)
      Luis Mauro Filho avatar
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      BOSTON, 23 de maio (Reuters) – Uma juíza dos EUA impediu, na sexta-feira, que o governo Trump revogasse a autorização da Universidade Harvard para matricular estudantes estrangeiros — uma medida que intensificou os esforços da Casa Branca para alinhar as práticas acadêmicas às políticas do presidente Donald Trump.

      A ordem da juíza distrital Allison Burroughs fornece alívio temporário a milhares de estudantes internacionais que seriam forçados a se transferir, segundo uma política que a universidade da Ivy League classificou como parte de um esforço mais amplo da istração para retaliar contra a instituição por se recusar a “renunciar à sua independência acadêmica”.

      O governo Trump pode recorrer da decisão de Burroughs. Porta-vozes do Departamento de Justiça e do Departamento de Segurança Interna não responderam imediatamente aos pedidos de comentário.

      Em uma ação judicial movida no tribunal federal de Boston, também na sexta-feira, Harvard chamou a revogação de uma “violação flagrante” da Constituição dos EUA e de outras leis federais, com “efeito imediato e devastador” sobre a universidade e mais de 7 mil portadores de visto.

      “Sem seus estudantes internacionais, Harvard não é Harvard”, afirmou a instituição de 389 anos no processo. A universidade matriculou quase 6.800 estudantes internacionais no ano letivo atual, o que representa 27% do total de matrículas.

      O encerramento da certificação do Programa de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio de Harvard, com vigência a partir do ano acadêmico de 2025–2026, foi anunciado na quinta-feira pela secretária de Segurança Interna, Kristi Noem.

      Na ordem liminar que bloqueia a política por duas semanas, a juíza Burroughs afirmou que Harvard demonstrou a possibilidade de sofrer prejuízos antes mesmo de o caso ser julgado em sua totalidade. Indicada pelo ex-presidente democrata Barack Obama, a magistrada agendou audiências para os dias 27 e 29 de maio para analisar os próximos os do processo.

      A pressão de Trump sobre Harvard integra uma campanha mais ampla do republicano para obrigar universidades, escritórios de advocacia, meios de comunicação, tribunais e outras instituições que prezam pela independência frente à política partidária a se alinharem à sua agenda.

      Essa campanha incluiu esforços para deportar estudantes estrangeiros que participaram de protestos pró-palestinos, embora não tenham cometido crimes; retaliações contra escritórios de advocacia que empregam advogados críticos ao governo; e até mesmo a sugestão de Trump de impeachment contra um juiz por uma decisão de imigração que o desagradara.

      Harvard, sediada em Cambridge, Massachusetts, já havia reagido fortemente contra Trump ao entrar com uma ação judicial para tentar restaurar cerca de US$ 3 bilhões em subsídios federais congelados ou cancelados.

      Algumas instituições fizeram concessões ao governo. A Universidade de Columbia, por exemplo, concordou em reformar processos disciplinares e revisar os currículos dos cursos sobre o Oriente Médio, após o corte de US$ 400 milhões em financiamento, sob a acusação de que não teria feito o suficiente para combater o antissemitismo.

      Antes da decisão de Burroughs, a Casa Branca reagiu. “Se Harvard se importasse tanto em acabar com o flagelo de agitadores antiamericanos, antissemitas e pró-terroristas em seu campus, eles não estariam nessa situação, para começar”, declarou a porta-voz Abigail Jackson. “Harvard deveria investir seu tempo e recursos na criação de um ambiente seguro no campus, em vez de entrar com ações judiciais frívolas”, completou.

      HARVARD DEFENDE 'RECUSA DE RENDA'

      Noem afirmou que a revogação da certificação era justificada, pois Harvard “fomenta a violência, o antissemitismo e a coordenação com o Partido Comunista Chinês”.

      Em uma carta enviada à universidade, anexada à queixa judicial, Noem argumentou que a medida era necessária devido ao suposto “ambiente de aprendizado hostil para estudantes judeus”, que teria sido criado pela falta de condenação do antissemitismo por parte de Harvard.

      Na quinta-feira, ela declarou que Harvard poderia restaurar sua certificação se entregasse, no prazo de 72 horas, uma série de registros sobre estudantes estrangeiros — incluindo vídeos ou áudios de suas atividades de protesto nos últimos cinco anos.

      A justificativa da Segurança Interna é “a quintessência da arbitrariedade”, afirmou Harvard na ação.

      Em carta à comunidade de Harvard, divulgada na sexta-feira, o reitor Alan Garber condenou as ações do governo e declarou que a universidade tem respondido às solicitações do Departamento de Segurança Interna conforme exigido por lei.

      “A revogação dá continuidade a uma série de ações do governo para retaliar Harvard por nossa recusa em abrir mão de nossa independência acadêmica e nos submeter à afirmação ilegal de controle do governo federal sobre nosso currículo, nosso corpo docente e nosso corpo discente”, escreveu Garber.

      Na reclamação apresentada, Harvard alegou que a decisão obrigaria o cancelamento de issões de milhares de estudantes e deixaria “inúmeros” programas acadêmicos, clínicas, cursos e laboratórios de pesquisa em desordem, a poucos dias da cerimônia de formatura.

      A universidade classificou a medida como “ilegal de várias maneiras”, afirmando que o governo viola a Primeira Emenda ao recorrer à coerção para policiar a liberdade de expressão e forçar instituições a renunciarem à sua autonomia acadêmica.

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