Irã e Estados Unidos encerram quarta rodada de negociações nucleares sem acordo definitivo
Com mediação de Omã, diálogos indiretos sobre o programa nuclear iraniano avançam, mas seguem sem consenso final
247 - As negociações indiretas entre a República Islâmica do Irã e os Estados Unidos da América sobre o programa nuclear iraniano encerraram sua quarta rodada neste domingo (11) em Mascate, capital de Omã, sem que um acordo definitivo fosse alcançado. A informação foi publicada pela agência de notícias estatal iraniana e confirmada por declarações oficiais do governo do país.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Ismail Baghaei, classificou o encontro como “difícil, mas útil”, destacando que houve progresso na compreensão das posições de cada parte. A mediação de Omã foi novamente decisiva para manter a interlocução entre os dois países, que não mantêm relações diplomáticas diretas.
As tratativas, realizadas em caráter reservado, ocorreram após três rodadas anteriores realizadas nos dias 12, 19 e 26 de abril, também em Mascate e em Roma. Segundo Baghaei, os diálogos permitiram explorar caminhos “razoáveis e realistas” para resolver os pontos de desacordo. “Continuamos a trocar mensagens por meio do chanceler de Omã, e as partes concordaram em manter o diálogo em uma próxima reunião”, disse ele, por meio da rede social X.
O chefe da delegação iraniana, Abas Araqchi, reforçou o caráter técnico e mais aprofundado desta quarta rodada. “Este ciclo de diálogo foi mais sério do que os três anteriores, porque saímos dos discursos gerais e entramos nos aspectos técnicos”, afirmou o diplomata. “Naturalmente, isso tornou as conversas mais difíceis, mas também mais úteis.”
Apesar da ausência de um desfecho, a disposição para manter o canal de comunicação foi reafirmada pelos envolvidos. A próxima reunião ainda não tem data nem local definidos, mas será coordenada pelo chanceler de Omã, Badr al-Busaidi, que continuará exercendo o papel de mediador entre Teerã e Washington.
As negociações ocorrem em um contexto de tensão contínua sobre o programa nuclear iraniano, especialmente após os Estados Unidos, sob a presidência de Donald Trump, abandonarem unilateralmente, em 2018, o Acordo Nuclear de 2015 — oficialmente conhecido como Plano de Ação Conjunto Global (JOA). Desde então, as relações entre os dois países têm sido marcadas por desconfiança mútua, sanções econômicas e esforços diplomáticos intermitentes.
Mesmo sem avanços concretos, a manutenção do diálogo é um sinal de que as partes seguem interessadas em evitar uma escalada do conflito na região. O papel de Omã, tradicionalmente neutro e diplomático no cenário do Oriente Médio, tem sido elogiado por facilitar a continuidade dessas conversas delicadas.
A retomada e continuidade dos diálogos entre Irã e Estados Unidos refletem não apenas a pressão internacional por estabilidade na região do Golfo Pérsico, mas também a necessidade estratégica de ambas as partes em conter riscos de confronto militar. Para o Irã, trata-se de buscar o alívio das sanções econômicas que afetam severamente sua economia. Para Washington, manter as negociações em andamento ajuda a controlar a proliferação nuclear e a responder às expectativas de seus aliados no Oriente Médio e na Europa. A atuação de Omã como ponte entre os dois países confirma seu papel diplomático discreto, mas eficaz, em contextos de alta tensão regional.
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