Irã cobra postura firme da Agência Internacional de Energia Atômica diante de ameaças a suas instalações nucleares

247 - O governo do Irã voltou a cobrar da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) uma postura “clara e transparente” diante das recentes ameaças contra suas instalações nucleares. A informação foi divulgada pela rede de notícias HispanTV, nesta quinta-feira (17).

Durante reunião realizada na noite de quarta-feira em Teerã com o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, reiterou o compromisso da República Islâmica com a cooperação plena junto à agência, “dentro da estrutura de suas obrigações legais internacionais”. Ao mesmo tempo, exigiu que a organização mantenha sua independência técnica e resista a pressões políticas externas. 

A conversa entre Araqchi e Grossi ocorreu em um momento de crescente tensão, impulsionada por novas ameaças por parte de autoridades israelenses e do presidente dos EUA, Donald Trump, contra a infraestrutura nuclear do Irã. Trump e membros de seu governo vêm, reiteradamente, ameaçando atacar o país caso não haja um acordo satisfatório sobre o programa nuclear iraniano, que é destinado exclusivamente a fins pacíficos, segundo Teerã. 

Araqchi foi enfático ao afirmar que “não há opção ou solução militar para o caso nuclear”. Ele alertou que a AIEA deve garantir sua imparcialidade e cumprir seu papel técnico, afastando-se de qualquer tipo de interferência política. “Estamos dispostos a confiar em Grossi em sua missão de manter a Agência livre de política e politização, e de manter seu foco em seu mandato técnico”, afirmou.

O diplomata iraniano também fez uso de sua conta na rede social X para avaliar o encontro com o chefe da AIEA como “frutífero”. Em sua publicação, ele defendeu a necessidade de “um Diretor-Geral para a Paz”, capaz de resistir a conspirações e tentativas de sabotagem das atuais negociações. “Acreditamos que a AIEA pode desempenhar um papel crucial na resolução pacífica da questão nuclear iraniana nos próximos meses”, escreveu.

Durante a visita, Grossi foi informado sobre a primeira rodada de negociações indiretas entre Irã e Estados Unidos, ocorrida em 12 de abril em Omã. O diretor-geral argentino da AIEA saudou a iniciativa diplomática e expressou confiança em que os diálogos possam levar a avanços concretos. “Espero que as discussões prossigam até que resultados positivos sejam alcançados”, disse ele, conforme informou a HispanTV.

Tanto o Irã quanto os Estados Unidos descreveram as conversas iniciais como “positivas” e “construtivas”, aumentando as expectativas em torno de um possível avanço diplomático, desde que, segundo Teerã, “o outro lado mantenha uma abordagem construtiva”.

As autoridades iranianas também alertaram que qualquer agressão contra sua indústria nuclear será respondida de forma “devastadora”. O Parlamento iraniano reforçou que o país não abrirá mão de seu direito de desenvolver energia nuclear para fins pacíficos, assegurado pelo Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP).

Teerã ainda denuncia que as constantes acusações ocidentais sobre a suposta militarização de seu programa nuclear são infundadas e violam tanto o direito internacional quanto a Carta das Nações Unidas. A própria AIEA, por diversas vezes, declarou que não há provas de que o Irã esteja desviando material nuclear para fins bélicos, apesar de ser, segundo a agência, o país mais investigado de toda a organização.

Mesmo diante dessas conclusões técnicas, os aliados ocidentais vêm pressionando o Conselho de Governadores da AIEA a aprovar resoluções contra o Irã, baseando-se em alegações sem comprovação. Esse processo, segundo o governo iraniano, representa uma tentativa de politização das atividades da agência e mina os esforços diplomáticos em curso.

Com a visita de Grossi e a retomada das conversas entre Teerã e Washington, cresce a expectativa de que a via diplomática seja mantida. O Irã, por sua vez, reafirma seu compromisso com a paz, mas adverte: não aceitará intimidações.

AIEA rejeita ameaças e apoia diplomacia com o Irã.