Imagens contestam versão de Trump sobre ataque dos EUA a suposto grupo Houthi, no Iêmen
Foto de antes de bombardeio indica que não havia armas ou veículos militares por perto do grupo aparentemente civil
247 - Uma publicação feita neste sábado (5) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reacendeu a polêmica sobre a atuação militar norte-americana no Oriente Médio. Trump compartilhou um vídeo que, segundo ele, mostraria um ataque bem-sucedido contra combatentes Houthi no Iêmen. No entanto, imagens divulgadas por ativistas e usuários de redes sociais, entre eles Daniel Mayakovski, sugerem que o grupo atingido era composto por civis e não apresentava nenhuma ameaça militar.
No vídeo, captado por um drone, dezenas de pessoas aparecem reunidas em círculo em uma área rural do Iêmen. Em poucos segundos, um míssil atinge o local, gerando uma grande explosão e abrindo uma cratera no solo.
Na legenda da publicação, Trump ironizou: “esses Houthis estavam reunidos para receber instruções sobre um ataque. 'Oops', não haverá ataque por esses Houthis! Eles nunca mais afundarão nossos navios!”. A frase provocou reações imediatas — e indignadas — nas redes. Usuários acusaram o presidente norte-americano de se vangloriar de um possível massacre de civis e compararam sua postura à do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Entre as vozes críticas, destacou-se a de Daniel Mayakovski. Em postagem nas redes, ele classificou o ataque como um “brutal crime de guerra” e afirmou: “o exército dos EUA bombardeia uma reunião de civis iemenitas que celebravam a festa do Eid, sem armas ou veículos militares por perto”. Segundo ele, esse tipo de reunião é tradicional entre tribos iemenitas e não tem qualquer relação com atividades militares. “Trump imita Netanyahu e se vangloria de matar civis”, escreveu, completando: “que tempos de impunidade do imperialismo estamos vivendo, em que os crimes de guerra já nem sequer se preocupam em esconder — ao contrário, são publicados nas redes sociais para que seus fanáticos doentios curtam!”.
Contexto do conflito - O movimento Houthi, que controla vastas áreas do território iemenita, incluindo a capital Sanaa, tem intensificado seus ataques em apoio à causa palestina na Faixa de Gaza. Entre suas ações mais notórias estão os ataques a navios mercantes no estratégico estreito de Bab-el-Mandeb e o lançamento de mísseis contra Israel. Como resposta, os Estados Unidos vêm expandindo suas operações militares na região desde março.
Trump, que assumiu seu segundo mandato em janeiro de 2025, tem reiterado que garantirá a segurança das rotas comerciais no Mar Vermelho. “Seus ataques devem parar… Caso contrário, o inferno choverá sobre vocês”, declarou em uma publicação anterior.
Apesar das ações dos EUA, os Houthis não dão sinais de recuo. Na sexta-feira (4), o porta-voz militar da facção, Yahya Saree, reforçou que o grupo continuará sua campanha: “não abandonaremos nossos deveres religiosos, morais e humanitários para com o povo palestino oprimido, independentemente das consequências”.
Escalada militar e críticas internacionais - A nova ofensiva norte-americana no Iêmen se insere num contexto mais amplo de escalada militar no Oriente Médio, especialmente no Mar Vermelho, região estratégica marcada por disputas com o Irã e seus aliados, como os próprios Houthis. Para analistas, a postura de Trump busca reafirmar a supremacia dos Estados Unidos frente a potências rivais como China e Rússia.
Entretanto, ações como a exibida pelo presidente nas redes sociais levantam sérias preocupações. Especialistas em direitos humanos e observadores internacionais alertam que a ausência de verificação independente sobre os alvos desses bombardeios dificulta a responsabilização por possíveis crimes de guerra. Além disso, a exposição de ataques sem transparência agrava o risco de radicalização e de uma escalada ainda maior do conflito.
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