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      Estadunidenses começam a emigrar para a Europa com medo da ditadura Trump

      Reeleição do presidente dos Estados Unidos impulsiona fuga silenciosa de cidadãos preocupados com retrocessos em direitos civis e liberdades democráticas

      Wendy Newman, cidadã estadunidense, posta foto de sua residência em Londres (Foto: Reuters)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – Com a reeleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos em 2025, começa a se consolidar um movimento de migração de cidadãos americanos para a Europa. Temendo o avanço do autoritarismo e a supressão de direitos civis, diversos grupos sociais — especialmente minorias raciais, LGBTQ+ e progressistas em geral — têm buscado alternativas de vida fora do país. A reportagem da Reuters revela um aumento expressivo nas consultas e pedidos de vistos para países europeus, alimentado pelo medo daquilo que muitos já chamam de “ditadura Trump”.

      Entre os casos emblemáticos está o de Doris Davis, 69 anos, e Susie Bartlett, 52, um casal interracial e lésbico residente em Nova York. Elas decidiram que, caso Trump retornasse à Casa Branca, deixariam o país. “Amamos este país, mas não amamos no que ele se tornou”, afirmou Davis. “Quando sua identidade está sendo atacada, há um sentimento pessoal de raiva e frustração.” Agora, o casal avalia a possibilidade de viver em Portugal ou Espanha, com base em vistos para nômades digitais ou aposentados.

      Procura por cidadanias e vistos dispara na Europa

      Os sinais desse êxodo são visíveis nas estatísticas. Nos dois primeiros meses de 2025, o número de solicitações de aportes irlandeses por americanos chegou ao nível mais alto em uma década, com média mensal de 4.300 pedidos — um aumento de 60% em relação ao ano anterior, segundo o Ministério das Relações Exteriores da Irlanda.

      Na França, os pedidos de vistos de longa permanência subiram de 1.980 no primeiro trimestre de 2024 para 2.383 em 2025. No Reino Unido, o número de aportes solicitados por americanos atingiu um recorde histórico no último trimestre de 2024, com 1.708 pedidos.

      Consultorias relatam “fuga política”

      Segundo empresas de relocação e imigração consultadas pela Reuters, o medo de um endurecimento institucional sob Trump tem impulsionado uma nova leva de emigração. A fundadora da empresa italiana Doing Italy, Thea Duncan, afirmou estar recebendo consultas quase diárias desde a eleição. “As pessoas estão incertas sobre o que está acontecendo e o que está por vir”, disse.

      No Reino Unido, a Immigration Advice Service informou um aumento de mais de 25% nas consultas de cidadãos dos EUA. O diretor, Ono Okeregha, destaca que muitos dos interessados mencionam preocupações específicas com ataques aos direitos civis, sobretudo no que diz respeito a casais do mesmo sexo.

      Direitos sob ameaça e desilusão democrática

      Wendy Newman, fotógrafa de 57 anos que se mudou para Londres com o marido em 2022, afirmou que a crescente polarização política e o avanço do conservadorismo nos EUA a levaram a buscar segurança no Reino Unido. “Achamos que há muito em risco para nossa filha permanecer lá”, disse ela, citando ameaças aos direitos reprodutivos e o que classificou como “tendências misóginas” de Trump. O presidente nega acusações de misoginia e abuso sexual, chamando as alegações de “fake news”.

      Entre a comunidade negra americana, o movimento de saída também se intensificou. A fundadora da Blaxit, Chrishan Wright, relatou que o tráfego do site aumentou mais de 50% após a eleição e que a comunidade paga da plataforma, voltada para ajudar afro-americanos a emigrar, teve crescimento de 20%. Morando em Portugal desde 2023, Wright acredita ter feito a escolha certa ao deixar os EUA. “Trump voltando à Casa Branca só confirmou isso”, afirmou.

      Riscos também na Europa, mas esperança persiste

      Embora os EUA vivam uma escalada autoritária sob Trump — com medidas contra pessoas trans, repressão ao movimento LGBTQ+ e ameaças à liberdade de imprensa — a Europa também apresenta desafios. Partidos de extrema direita ganham força no continente. A primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, por exemplo, prometeu combater o “lobby LGBT” e defender a “família natural”. Na Alemanha, o partido de extrema direita AfD ficou em segundo lugar nas eleições de fevereiro. Na França, Marine Le Pen foi impedida de concorrer à presidência por cinco anos, mesmo liderando as pesquisas para 2027.

      Apesar desses sinais de alerta, muitos americanos continuam preferindo a Europa como destino. Julien Faliu, CEO da plataforma Expat.com, relatou aumento de 26% na demanda de cidadãos dos EUA. “Tenho falado com americanos que disseram: ‘Se Trump for reeleito, nós vamos embora’. Agora ele foi, então o que farão?”, questiona.

      Barreiras e limites à nova diáspora

      Ainda que o desejo de partir seja real, as barreiras são muitas. A plataforma Relocate.me alerta para os obstáculos na obtenção de empregos no exterior, restrições ao trabalho remoto, diferenças salariais e a tributação global dos EUA, que penaliza até cidadãos vivendo no exterior.

      Além disso, políticas de contenção à imigração em países como Portugal e Espanha vêm encerrando programas como o “visto dourado”, que permitia residência mediante a compra de imóveis. Segundo Rebeca Caballero, da empresa Gilmar, três americanos adquiriram propriedades na Espanha sem sequer visitá-las, poucos meses antes do fim do programa.

      Para quem está decidido a sair, as opções mais viáveis têm sido os vistos para nômades digitais, aposentadoria, trabalho ou estudo. Mas o caminho está longe de ser simples. A ideia de viver em relativa segurança democrática, longe da “ditadura Trump”, porém, segue sendo um forte motivador para muitos.

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