Economia do Reino Unido acelera antes de enfrentar desafios com impostos e tarifas
Crescimento surpreendente no início de 2025 anima governo britânico, mas aumentos tributários e guerra comercial de Trump ameaçam desaceleração
LONDRES, 15 de maio (Reuters) – A economia do Reino Unido registrou um desempenho acima das expectativas no primeiro trimestre de 2025, fortalecendo a posição do governo e da ministra das Finanças, Rachel Reeves. Apesar disso, ela enfrentará um cenário mais desafiador nos próximos meses, em razão do aumento de impostos sobre empresas e das disputas comerciais com os Estados Unidos, lideradas pelo presidente Donald Trump, que está em seu segundo mandato.
De acordo com dados oficiais divulgados nesta quinta-feira, entre janeiro e março, o Produto Interno Bruto (PIB) britânico avançou 0,7%, uma alta expressiva em comparação aos modestos 0,1% registrados nos últimos três meses de 2024. O resultado superou as projeções de crescimento de 0,6% da pesquisa da Reuters com economistas, que coincidia com a expectativa do Banco da Inglaterra (BoE).
No mês de março, isoladamente, a economia também surpreendeu ao crescer 0,2% em relação a fevereiro, contrariando a estimativa de estabilidade (0,0%) apontada pelo levantamento da Reuters. A libra esterlina teve uma leve valorização frente ao dólar após a divulgação dos números.
Reeves, alvo de críticas de empresários e da oposição por elevar as contribuições à seguridade social a partir de abril, classificou os dados como um sinal do vigor econômico do país. “Nos três primeiros meses do ano, a economia do Reino Unido cresceu mais rápido que a dos Estados Unidos, Canadá, França, Itália e Alemanha”, declarou.
Crescimento impulsionado por serviços e investimentos
O governo do premiê Keir Starmer, em parceria com a ministra Reeves, busca reativar a economia por meio de investimentos em infraestrutura e outras reformas voltadas à atração de capital privado. Apesar disso, o Banco da Inglaterra alertou na semana ada que o impulso observado no primeiro trimestre deve ser ageiro. A previsão da autoridade monetária é de crescimento de 1% em 2025, com aceleração modesta para 1,5% até 2027.
Além dos entraves internos, as tensões comerciais impulsionadas por Donald Trump prometem desacelerar a economia global. Empresários britânicos já expressaram preocupação com o impacto do aumento das taxas sobre a folha de pagamento e do salário mínimo, ambos em vigor desde abril.
Segundo Suren Thiru, diretor de economia do Instituto de Contadores da Inglaterra e País de Gales (ICAEW), o forte desempenho no primeiro trimestre pode ter sido impulsionado por uma corrida das empresas para cumprir encomendas antes da entrada em vigor das novas tarifas dos EUA. “Este resultado robusto provavelmente representa o auge do crescimento econômico neste ano, com uma desaceleração significativa à frente, devido ao peso dos impostos, tarifas e da instabilidade global”, avaliou Thiru.
Acordo com EUA alivia, mas não resolve
Um novo acordo comercial firmado na semana ada entre o Reino Unido e os Estados Unidos pode suavizar parte dos efeitos negativos. Pelo acerto, Washington reduzirá tarifas sobre aço e alumínio britânicos, mas manterá um novo imposto de 10% sobre a maioria dos demais produtos importados do Reino Unido.
Apesar das incertezas, os consumidores britânicos não demonstraram grandes sinais de preocupação. Dados recentes apontam aumento nos gastos das famílias entre março e abril.
O Escritório Nacional de Estatísticas (ONS) informou que o crescimento no primeiro trimestre foi puxado principalmente pelo setor de serviços, com destaque também para a retomada da produção industrial. Os investimentos das empresas tiveram um salto de 5,9% em relação ao último trimestre de 2024, a maior alta em dois anos.
De acordo com Elliott Jordan-Doak, economista sênior da consultoria Pantheon Macroeconomics, parte dessa alta se deve ao aumento significativo na importação de aeronaves, que são contabilizadas como investimento empresarial.
Já o PIB per capita real — considerado um indicador mais fiel da percepção de crescimento pela população — teve alta de 0,5%, revertendo duas quedas trimestrais consecutivas, conforme informou o ONS.
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