Cuba e Rússia assinam declaração contra sanções unilaterais e ampliam cooperação estratégica

247 - Em uma iniciativa que aprofunda os laços políticos e diplomáticos entre Havana e Moscou, os ministros das Relações Exteriores de Cuba e da Rússia am, nesta terça-feira (29), em encontro à margem da reunião de chanceleres do BRICS, no Rio de Janeiro, uma declaração bilateral que visa enfrentar os impactos das chamadas medidas coercitivas unilaterais, frequentemente adotadas por potências ocidentais. A informação foi divulgada pela agência Prensa Latina e por um comunicado do chanceler cubano, Bruno Rodríguez Parrilla, em sua conta na rede social X.

"Juntamente com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, assinamos uma declaração bilateral sobre formas e meios de neutralizar, mitigar e reverter os efeitos adversos das medidas coercitivas unilaterais", declarou Rodríguez. O ministro cubano também fez um apelo direto à comunidade internacional: “Pedimos aos Estados que se abstenham de adotar, promulgar e aplicar tais medidas”.

A declaração conjunta visa estabelecer mecanismos concretos para enfrentar os efeitos negativos das sanções aplicadas principalmente pelos Estados Unidos e pela União Europeia. A medida foi apresentada como parte de um esforço estratégico mais amplo para consolidar alternativas ao atual sistema financeiro e comercial dominado por potências ocidentais, e está em sintonia com os objetivos multilaterais do grupo BRICS, do qual a Rússia é membro e Cuba participa como país convidado em eventos recentes.

O chanceler cubano também se encontrou com Wang Yi, ministro das Relações Exteriores da China, intensificando o diálogo com Pequim. Segundo Rodríguez, esses encontros são parte de uma estratégia diplomática para "fortalecer as relações bilaterais e construir uma Comunidade de Futuro Compartilhado".

Nas palavras do chanceler cubano, a relação com a China representa "um exemplo de fraternidade e cooperação entre países socialistas". 

A parceria entre Cuba e Rússia já vinha sendo reativada nos últimos anos, com acordos nas áreas de energia, transporte, saúde e cooperação técnico-militar. Agora, o foco volta-se à criação de mecanismos jurídicos e financeiros que permitam resistir de forma mais efetiva aos bloqueios impostos pelos EUA, especialmente ao sistema bancário e de pagamentos internacionais.

O gesto simbólico da da declaração com Lavrov é também um indicativo da tentativa de reorganizar alianças geoestratégicas no Sul Global, onde os laços políticos se entrelaçam com propostas de uma nova arquitetura econômica internacional — mais inclusiva e multilateral.

O estreitamento das relações com Rússia e China, ao lado da participação ativa em fóruns como o BRICS, confirma o movimento de Cuba em busca de alternativas ao isolamento econômico promovido pelos Estados Unidos, cujo presidente, Donald Trump, restabeleceu duras sanções durante seu governo anterior e promete mantê-las durante o seu segundo mandato. 

A declaração bilateral entre Cuba e Rússia surge como mais um capítulo de resistência ao bloqueio e ao hegemonismo dos Estados Unidos, reafirmando o direito dos povos de escolher seus caminhos soberanos de desenvolvimento — e a recusa conjunta à imposição de punições econômicas por parte de potências externas. ​