“Corte os juros, Jerome. Pare de fazer política”: Trump ataca presidente do Fed, que alerta para risco de inflação
Presidente dos EUA cobra queda de juros e acusa chefe do Fed de "fazer política", mas Powell vê alta de preços e risco de desaceleração com tarifaço
247 - O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, alertou nesta sexta-feira (4) que as tarifas comerciais impostas por Donald Trump aumentam significativamente o risco de inflação persistente e crescimento mais lento da economia americana. Pouco antes de seu discurso, Trump foi às redes sociais para criticá-lo e exigir uma redução imediata nos juros: “Ele está sempre ‘atrasado’, mas agora pode mudar sua imagem. Corte os juros, Jerome, e pare de fazer política!”
A tensão entre a Casa Branca e o Fed ocorre em meio à escalada da guerra comercial. Segundo Powell, os efeitos das tarifas serão mais severos do que o inicialmente estimado. “Está se tornando claro que os aumentos tarifários serão significativamente maiores do que o esperado”, afirmou. “O mesmo provavelmente será verdadeiro para os efeitos econômicos, que incluirão inflação mais alta e crescimento mais lento.”
Fed adota postura cautelosa diante da pressão
Durante conferência em Arlington, no estado da Virgínia, Powell destacou que os impactos nos preços podem se prolongar. “Embora as tarifas devam gerar ao menos um aumento temporário da inflação, também é possível que os efeitos sejam mais persistentes”, disse. Ele acrescentou que o Fed tem a responsabilidade de evitar que “um aumento pontual no nível de preços se torne um problema contínuo de inflação”.
A retaliação chinesa às novas tarifas, com impostos de 34% sobre produtos norte-americanos, ampliou a tensão nos mercados. O índice S&P 500 caiu cerca de 4% na sexta-feira, refletindo a deterioração do ambiente global e a tentativa da Casa Branca de minimizar os riscos econômicos.
Powell reafirma independência do banco central
Em resposta às pressões políticas, Powell afirmou que o Fed permanece “estritamente não político”. “Tentamos nos manter o mais longe possível do processo político. As pessoas esperam que digamos a verdade, e é isso que vamos fazer”, declarou.
Ele reconheceu que um cenário com inflação elevada e desemprego em alta seria “difícil” de istrar, mas afirmou que os dois objetivos da instituição — estabilidade de preços e pleno emprego — ainda não estão em conflito.
Outros membros do Fed reforçaram o tom de cautela. O vice-presidente Philip Jefferson declarou que “não há necessidade de pressa” para novos ajustes nos juros. Já a diretora Lisa Cook afirmou que o banco central pode “ser paciente, mas atento”, destacando que os riscos atuais são de alta para a inflação e de baixa para o crescimento. “Essa combinação pode representar desafios para a política monetária”, concluiu.
(Com informações do The New York Times)
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