China fortalece parceria estratégica na Ásia e mantém aposta na cooperação e abertura para enfrentar tarifaço de Trump
Visitas de Xi Jinping ao Vietnã e à Malásia reforçam vínculos históricos e econômicos, elevando relações sino-asiáticas a novo patamar
247 - Em editorial publicado nesta quarta-feira (16) pelo Global Times, o aprofundamento das relações entre a China e os países da ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático) foi celebrado como um “modelo de abertura e cooperação” em meio aos desafios da ordem internacional. O texto repercute a bem-sucedida visita do presidente da China, Xi Jinping, ao Vietnã e à Malásia, com destaque para os gestos de recepção calorosa e os avanços econômicos e diplomáticos promovidos.
Xi Jinping, que também é secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista da China, desembarcou em Kuala Lumpur após concluir uma visita de Estado ao Vietnã. Em artigo assinado publicado simultaneamente em três jornais malaios, o presidente chinês destacou que “os dois países devem trabalhar juntos para dar um novo impulso à amizade que percorreu o longo rio da história” e que esta relação “avança firmemente em direção a horizontes mais brilhantes”.
A visita marca os 50 anos de relações diplomáticas entre China e Malásia, ocasião que Xi classificou como o início de “novos 50 Anos Dourados”. Em sua declaração escrita ao chegar à capital malaia, o presidente sublinhou o papel estratégico dos dois países: “Tanto a China quanto a Malásia são importantes países em desenvolvimento e membros do Sul Global. O aprofundamento da cooperação estratégica de alto nível é bom para os interesses comuns da China e da Malásia, e bom para a paz, a estabilidade e a prosperidade na região e no mundo."
As cifras confirmam a robustez do vínculo. A China é o maior parceiro comercial da Malásia desde 2009. Em 2024, o comércio bilateral somou US$ 212,04 bilhões, um aumento de 11,4% em relação ao ano anterior. Essa parceria se estende para além das fronteiras malaias, impactando positivamente os demais membros da ASEAN.
Recepções calorosas marcaram o périplo de Xi Jinping, como nas ruas de Hanói, adornadas com faixas com os dizeres “Profunda Amizade China-Vietnã, Camaradas e Irmãos”, e nas festividades com danças do leão em Kuala Lumpur. Esses eventos demonstram a forte ressonância dos princípios diplomáticos da China: amizade, sinceridade, benefício mútuo e inclusão.
O editorial do Global Times também enfatiza a importância geopolítica da parceria sino-asiática. Segundo o texto, os frequentes intercâmbios entre China e ASEAN não só promovem estabilidade, mas também exemplificam a força do multilateralismo, em contraste com a tendência de desglobalização em outras partes do mundo.
A história de cooperação remonta à antiga Rota da Seda Marítima e se atualiza com a Iniciativa Cinturão e Rota, consolidando um relacionamento de vizinhança e parceria duradoura. “Os países asiáticos emergentes avançam juntos rumo à modernização, compondo uma sinfonia de unidade e progresso”, observa o editorial.
Outro ponto alto das relações sino-ASEAN é a Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP), o maior acordo de livre comércio do mundo em termos de população e potencial econômico. Com reduções tarifárias e facilitação comercial, a RCEP tem ampliado os fluxos de bens e investimentos. Além disso, a conclusão substancial das negociações da Área de Livre Comércio 3.0 promete reduzir ainda mais barreiras ao comércio regional.
A colaboração também se estende ao campo tecnológico e humanitário. O durian malaio agora chega à China em apenas um dia, graças à eficiência logística. Em Mianmar, durante um terremoto recente, 14 satélites chineses prestaram apoio às operações de socorro. Já na fronteira com o Vietnã, um novo porto inteligente será operado por veículos autônomos e tecnologia 5G, agilizando os trâmites alfandegários.
A dimensão simbólica do relacionamento não ou despercebida pela imprensa global. O artigo de Xi Jinping publicado no jornal vietnamita Nhan Dan, em que afirma que “a guerra comercial e a guerra tarifária não produzirão vencedores, e o protecionismo não levará a lugar nenhum”, foi repercutido por grandes veículos como Associated Press, The Guardian, Al Jazeera, Deutsche Welle e CNBC.
O editorial conclui com uma mensagem otimista: "Em um momento de ascensão do unilateralismo, a China e a ASEAN provaram por meio de suas ações que abertura e cooperação são o caminho certo". A imagem do “navio da amizade” navegando em mares de paz e prosperidade é evocada como metáfora da nova fase da integração asiática.
A julgar pelo entusiasmo das recepções e pelo volume crescente das trocas comerciais, tudo indica que esse navio não apenas seguirá flutuando, como avançará a todo vapor.
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