China e ASEAN atualizam pacto comercial com foco em inclusão e sustentabilidade
Nova versão da Área de Livre Comércio impulsiona economia digital e verde e reforça multilateralismo em meio ao protecionismo global
247 - Em um o decisivo que fortalece a integração econômica regional, a China e os países da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) concluíram as negociações da Versão 3.0 da Área de Livre Comércio China-ASEAN (CAFTA), ampliando significativamente a abrangência do acordo para além das tradicionais reduções tarifárias, destaca reportagem da agência noticiosa chinesa Xinhua, durante a Cúpula da ASEAN de 2025, realizada em Kuala Lumpur.
A atualização do pacto ocorre em um contexto marcado pelo aumento do protecionismo e pela fragmentação das cadeias de valor globais. Analistas consultados pela Xinhua destacaram que a nova versão do CAFTA envia uma mensagem clara de compromisso com o livre comércio, a cooperação aberta e o desenvolvimento sustentável. O acordo reforça o papel da parceria China-ASEAN como um motor da integração no Sul Global.
“O acordo marca uma mudança dos produtos tradicionais para a economia do futuro”, afirmou Tan Kar Hing, vice-presidente do Centro de Estudos Estratégicos Regionais da Malásia. Ele ressaltou que a nova versão do CAFTA inclui nove capítulos inéditos que abordam áreas como economia digital, economia verde, resiliência da cadeia de suprimentos, apoio a pequenas e médias empresas (PMEs) e cooperação alfandegária. “É uma cobertura mais ampla e com maior especificidade”, avaliou.
De acordo com dados da istração Geral das Alfândegas da China, o comércio bilateral com a ASEAN alcançou 2,38 trilhões de yuans (cerca de US$ 330 bilhões) nos primeiros quatro meses de 2025 — um aumento de 9,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. Essa relação tem se mostrado fundamental para a estabilidade e o dinamismo econômico da região.
Para países exportadores como a Malásia, os impactos da nova versão já são visíveis. “As PMEs locais agora podem se conectar diretamente com os mercados regionais por meio de plataformas digitais — uma verdadeira ‘criação local, expansão regional’”, afirmou Tan. Ele destacou também que o novo CAFTA facilitará as exportações agrícolas e permitirá a criação de cadeias de suprimentos rastreáveis, o que é vital para os setores de alimentos e commodities.
A evolução do acordo, desde sua primeira versão em 2010 até a atual, representa um avanço institucional considerável. “Estamos ando de simples cortes tarifários para o alinhamento de regras. Isso mostra um compromisso com um acordo moderno, inclusivo e mutuamente benéfico”, explicou Tang Zhimin, diretor de Estudos da China-ASEAN no Instituto de istração Panyapiwat, em Bangkok.
Para Tang, o fortalecimento das cadeias de suprimentos e da colaboração industrial é um dos principais ganhos da atualização. “Ao alinhar regras, reconhecer padrões e aprimorar mecanismos, o acordo atualizado fortalece a base para colaboração mais profunda entre as partes.”
A nova versão também responde a preocupações regionais contemporâneas, segundo o economista indonésio Wijayanto Samirin, da Universidade Paramadina. Ele avalia que o pacto “continua a evoluir para enfrentar os desafios atuais e futuros”, destacando seu papel como contrapeso ao protecionismo crescente. “O CAFTA 3.0 reforça o apoio da ASEAN e da China ao multilateralismo, injetando confiança no comércio global.”
Esse sentimento é compartilhado por Thong Mengdavid, professor do Instituto de Estudos Internacionais e Políticas Públicas da Universidade Real de Phnom Penh, no Camboja. “A ASEAN e a China estão optando pela abertura em vez da fragmentação”, declarou o pesquisador.
Um dos méritos do novo acordo é a flexibilidade em sua implementação. Ao contrário de tratados mais rígidos promovidos por potências ocidentais, o CAFTA 3.0 permite que cada país adapte a cooperação às suas prioridades nacionais. “Este não é um modelo único, mas uma escada para as economias em desenvolvimento subirem em seu próprio ritmo”, explicou Tan, destacando que países como a Malásia poderão acelerar projetos estratégicos em agricultura ou tecnologia verde conforme suas necessidades.
Outro ponto estratégico é a redução da dependência em relação a mercados ocidentais. “Ele diversifica as cadeias de suprimentos e reduz a dependência excessiva de mercados de exportação específicos, aumentando assim a autonomia e a resiliência de economias de médio porte como a Malásia”, analisou Tan. Já Thong afirmou que a iniciativa “reforça o poder de negociação coletiva” da ASEAN no cenário global.
Combinando flexibilidade, inclusão e ambição, a nova fase da Área de Livre Comércio China-ASEAN reafirma a vocação da parceria para liderar a cooperação Sul-Sul. “Suas inovações institucionais baseadas em consultas e desenvolvimento compartilhado continuam a inspirar e revitalizar a governança global”, concluiu Tang.
Representando um quarto da população mundial, China e ASEAN reafirmam com este pacto sua intenção de caminhar lado a lado na construção de uma ordem internacional mais equitativa e cooperativa — baseada no diálogo, no respeito mútuo e no desenvolvimento compartilhado.
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