Chega, de extrema-direita, torna-se principal partido da oposição em Portugal

(Reuters) — O partido Chega, de extrema-direita e antissistema, ultraou os socialistas de centro-esquerda e tornou-se o principal partido da oposição pela primeira vez nesta quarta-feira, após a contagem final dos votos do exterior na eleição parlamentar antecipada de 18 de maio.

A Aliança Democrática de centro-direita, liderada pelo primeiro-ministro Luís Montenegro, conquistou 91 assentos no parlamento unicameral de 230 cadeiras, incluindo dois provenientes da votação no exterior. Embora tenha conquistado mais cadeiras do que em 2024, voltou a ficar aquém da maioria necessária para encerrar um longo período de instabilidade.

Na noite da eleição, o Partido Socialista (PS) apareceu ligeiramente à frente do Chega em termos de percentual de votos, mas ambos com os mesmos 58 assentos. A contagem final, publicada pelo Ministério do Interior nesta quarta-feira, elevou a representação parlamentar do Chega para 60, enquanto o PS ficou com 58.

Fundado há apenas seis anos, o Chega encerrou cinco décadas de domínio dos dois partidos tradicionais de Portugal após o fim da ditadura fascista em 1974, em sintonia com avanços semelhantes da direita radical em toda a Europa.

O Chega se aliou a partidos anti-imigração, como o Reagrupamento Nacional de Marine Le Pen na França e o AfD da Alemanha.

O partido vem fazendo campanha há muito tempo com acusações de que o establishment político do país perpetua a corrupção, ao mesmo tempo em que defende o fim da imigração de “portas abertas” e penas mais duras para criminosos, incluindo a castração química para estupradores reincidentes.

Montenegro recusou-se a fazer acordos com o Chega e disse que formaria um novo governo minoritário.

O presidente Marcelo Rebelo de Sousa se reunirá com os líderes dos três principais partidos na quinta-feira e, então, espera-se amplamente que nomeie Montenegro como primeiro-ministro.