Catar acusa Israel de sabotar negociações por cessar-fogo em Gaza
Primeiro-ministro catariano denuncia ime nas conversas mediadas em Doha e afirma que Tel Aviv rejeitou proposta de supervisão da ONU
247 - Em declaração contundente feita neste domingo (25), o primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores do Catar, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, responsabilizou o governo de Israel pelo colapso das negociações indiretas com o Hamas para um cessar-fogo em Gaza. A notícia foi divulgada originalmente pela rede HispanTV, que acompanha as conversas diplomáticas na região.
“Tentamos soluções criativas para esta crise, mas nenhuma funcionou. Mesmo que conseguíssemos que o Hamas aceitasse o plano em fases aprovado por Israel, um mecanismo seria estabelecido sob a supervisão do Conselho de Segurança da ONU para avançar as negociações de paz dentro de um prazo definido... mas Israel rejeitou a proposta”, afirmou Al Thani, durante reunião ministerial sobre a Palestina realizada em Madri.
Segundo o chanceler do Catar, as rodadas mais recentes em Doha deixaram evidente que Israel não está disposto a considerar um fim estruturado e duradouro da guerra. “As negociações demonstraram que Israel busca apenas a libertação de seus reféns, enquanto o Hamas exige o fim definitivo da guerra. Acho que estamos num ime”, declarou.
As acusações do primeiro-ministro catariano ocorrem em meio à intensificação do genocídio no território palestino, após a retirada abrupta da delegação israelense das conversações no Catar em 22 de maio, como relatado pela imprensa egípcia. O gesto frustrou expectativas de avanço diplomático que haviam sido renovadas dias antes, quando o Hamas libertou o soldado israelense-americano Aidan Alexander e reiterou seu compromisso com a negociação de um cessar-fogo permanente.
O bloqueio total imposto por Israel à entrada de ajuda humanitária desde março e a retomada das operações militares em Gaza violaram um cessar-fogo anterior, fechado em janeiro. O cerco israelense levou a um agravamento das condições humanitárias no território palestino, incluindo a morte por fome de um menino de apenas quatro anos, como reportado pelo Ministério da Saúde da Palestina.
Ainda conforme o ministério, desde o início da ofensiva militar israelense em 7 de outubro de 2023, o número de mortos já ultraa 53.900, com cerca de 122.800 feridos e mais de 11.000 pessoas ainda desaparecidas.
Enquanto isso, o primeiro-ministro palestino, Mohammad Mustafa, também presente na cúpula de Madri, insistiu na necessidade de sanções internacionais contra Israel, com o argumento de que apenas a pressão econômica e diplomática poderá forçar o fim da ofensiva genocida na Faixa de Gaza.
A posição do Catar, um dos poucos países da região que mantém canais de comunicação com todas as partes envolvidas no conflito, reforça o clima de pessimismo quanto à possibilidade de uma resolução negociada a curto prazo. Apesar dos esforços multilaterais — incluindo tentativas de mediação por parte dos Estados Unidos e do Egito —, a deterioração do processo e a escalada militar apontam para uma crise prolongada.
Em meio à tragédia humanitária e ao ime político, cresce o apelo da comunidade internacional por uma intervenção mais efetiva das Nações Unidas. Ainda assim, sem consenso no Conselho de Segurança e com o presidente dos Estados Unidos mantendo firme apoio ao governo de Benjamin Netanyahu, o caminho para a paz permanece incerto.
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