Agência de segurança israelense reconhece culpa do governo Netanyahu em ataques de 7 de outubro
Relatório aponta que o governo israelense não deu atenção a alertas de um possível movimento do Hamas
247 - O Shin Bet, serviço de segurança interna de Israel, assumiu a responsabilidade por não ter dado a devida atenção aos sinais de alerta que indicavam a possibilidade de um ataque planejado pelo Hamas, que foi concretizado no dia 7 de outubro de 2023, informa O Globo. A informação foi divulgada nesta terça-feira, em um relatório que, embora assumisse falhas internas, também responsabilizava o governo israelense, afirmando que suas políticas permitiram que o Hamas acumulasse armas e angariasse fundos de forma discreta.
O relatório foi publicado dias após uma investigação das Forças Armadas de Israel, que revelou que oficiais de alta patente também haviam subestimado o grupo terrorista. De acordo com o Shin Bet, desde 2018, agentes de inteligência já tinham informações sobre possíveis incursões do Hamas no sul de Israel, com alertas sendo emitidos novamente em 2022. No entanto, esses sinais não foram tratados com a devida seriedade, e a agência não os incluiu nos cenários de confrontos futuros. Embora tenha reconhecido a falha, a agência afirmou que o Hamas foi levado a sério, mas que não houve uma resposta eficaz às ameaças que estavam se desenhando.
"Infelizmente, não respondemos adequadamente aos primeiros sinais de alerta e tampouco conseguimos antecipar a gravidade do ataque", disse Ronen Bar, chefe do Shin Bet, em uma declaração oficial.
O ataque de 7 de outubro resultou na morte de cerca de 1.200 pessoas e no sequestro de 250 israelenses, desencadeando uma guerra em Gaza. O governo israelense, no entanto, se manteve resistente a uma revisão independente dos eventos. Em um discurso no Parlamento, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou apoiar a criação de uma comissão de inquérito, mas fez críticas ao processo, sugerindo que qualquer investigação teria motivações políticas contra seu governo.
Enquanto Netanyahu rejeita a ideia de uma investigação externa, outros membros do governo assumem responsabilidade pelas falhas. O ex-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Herzi Halevi, declarou que falhou em evitar o ataque, chamando a situação de um "fracasso terrível". Além disso, Bar, chefe do Shin Bet, reconheceu que o ataque poderia ter sido evitado, mas afirmou que só deixaria o cargo após o retorno dos reféns sequestrados pelo Hamas.
O relatório do Shin Bet também abordou a falha na coordenação com o Exército israelense e a falta de uma cadeia de comando clara, afirmando que esses problemas não estavam à altura das expectativas da agência nem do público. O documento também indicou que o governo israelense permitiu que o Hamas acumulasse armamentos, com financiamento proveniente de fontes como o Catar, além de demonstrar uma relutância em adotar uma postura mais agressiva contra o grupo.
Em resposta a essas acusações, o Catar negou qualquer envolvimento com o Hamas, insistindo que os fundos enviados para Gaza foram destinados a ações humanitárias, e que as transferências foram feitas em coordenação com as autoridades israelenses. "A ajuda humanitária a Gaza sempre foi supervisionada e coordenada com Israel", declarou um porta-voz do governo catariano.
Além disso, o relatório também mencionou o impacto das políticas internas israelenses, como a controvérsia em torno da reforma do Judiciário impulsionada por Netanyahu, que gerou protestos massivos e um clima de instabilidade interna. Para muitos israelenses, essa instabilidade foi vista como um fator que pode ter enfraquecido a resposta do país ao ataque do Hamas.
O gabinete de Netanyahu, por sua vez, se recusou a comentar as conclusões do Shin Bet. Contudo, a mídia israelense divulgou uma declaração atribuída ao círculo próximo do premiê, afirmando que o relatório da agência não respondeu adequadamente às questões centrais sobre o ocorrido e que falhou em retratar a "enorme falha" do serviço de segurança.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: