Meta desenvolve IA capaz de decodificar pensamentos humanos

247 - A Meta, empresa liderada por Mark Zuckerberg, anunciou um avanço significativo na interface entre cérebro e máquina. Em parceria com o Centro Basque de Cognição, Cérebro e Linguagem, cientistas desenvolveram um algoritmo capaz de decodificar pensamentos humanos a partir de sinais cerebrais, com um impressionante índice de precisão de 80%. A pesquisa, que se destaca pelo uso exclusivo de métodos não invasivos, pode representar um grande salto para a comunicação assistida e para a compreensão do funcionamento do cérebro humano, informa a revista Superinteressante.

Ao contrário de técnicas anteriores, que exigiam procedimentos cirúrgicos para registro de sinais cerebrais, como a eletroencefalografia estereotáxica e a eletrocorticografia, a nova abordagem utiliza apenas magnetoencefalografia (MEG) e eletroencefalografia (EEG). Essas tecnologias permitem captar as ondas cerebrais sem a necessidade de intervenções invasivas, superando as limitações anteriores causadas pelo excesso de ruído nas medições.

Durante os testes, 35 voluntários saudáveis foram monitorados enquanto digitavam frases em um teclado. A inteligência artificial treinada a partir desses dados conseguiu reconstruir as frases com 80% de precisão ao utilizar os sinais captados pela MEG. Já com a EEG, a taxa de acerto caiu para aproximadamente 40%, demonstrando que a magnetoencefalografia é a técnica mais promissora até o momento.

Os cientistas também exploraram como os sinais neurais são convertidos em linguagem no cérebro humano. Utilizando a MEG para capturar cerca de mil instantâneos da atividade cerebral por segundo, descobriram que o processo de formulação de frases segue um caminho hierárquico. Inicialmente, o cérebro forma uma representação abstrata do significado da frase, que é gradualmente traduzida em comandos motores, como o movimento dos dedos no teclado. Para realizar esse processo de forma eficiente, ele emprega um "código neural dinâmico", que mantém várias representações ativas simultaneamente por um período de tempo.

Os pesquisadores acreditam que essa tecnologia pode abrir caminho para interfaces cérebro-computador não invasivas, possibilitando novas formas de comunicação para pessoas com dificuldades de fala. No entanto, reconhecem que ainda há desafios consideráveis a serem superados antes que a abordagem possa ser aplicada clinicamente.

Entre os principais obstáculos estão a precisão da decodificação, que ainda é imperfeita, e a necessidade de um ambiente controlado para a MEG, que exige uma sala blindada magneticamente e a imobilidade dos participantes. Além disso, embora os testes tenham sido conduzidos com voluntários saudáveis, estudos futuros precisarão investigar como a tecnologia pode beneficiar pacientes com lesões cerebrais.

Apesar desses desafios, os avanços apresentados pela Meta sinalizam um futuro promissor para a interação entre humanos e inteligência artificial, oferecendo esperança para aqueles que perderam a capacidade de se comunicar verbalmente.