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      "Os Estados Unidos estão colapsando", diz Richard Wolff

      Economista denuncia ofensiva contra a classe trabalhadora e afirma que acordo geopolítico do pós-guerra que sustentou a hegemonia americana chegou ao fim

      (Foto: Reprodução)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – Em entrevista ao jornalista Chris Hedges, o economista marxista Richard Wolff traçou uma análise contundente sobre o estágio atual do capitalismo nos Estados Unidos, que, segundo ele, vive a ruína de um arranjo histórico forjado no pós-Segunda Guerra Mundial. Para Wolff, o governo do presidente Donald Trump representa a intensificação de um processo de destruição da classe trabalhadora, tanto em território nacional quanto no cenário internacional.

      “O que você está vendo com o governo Trump pode — e, no meu julgamento, deve — ser entendido como uma guerra contra a classe trabalhadora, em casa e no exterior”, afirmou Wolff logo no início da conversa. Segundo ele, o colapso atual reflete o esgotamento de um pacto entre os EUA e a Europa que, durante décadas, sustentou a ordem econômica global sob a liderança americana.

      O pacto forjado no pós-guerra

      Wolff lembra que, ao final da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos enfrentavam dois grandes desafios: conter a expansão dos direitos sociais do New Deal — política que havia promovido conquistas como salário mínimo, previdência social, seguro-desemprego e empregos públicos — e evitar uma nova recessão com a desmobilização da economia de guerra. “Os últimos 50 anos são a história do desmonte desse New Deal”, declarou o economista.

      Paralelamente, havia uma preocupação geopolítica. Na Europa, partidos socialistas e comunistas haviam se fortalecido durante os anos 1930 e liderado a resistência antifascista. Esses grupos, amplamente populares, estavam na linha de frente das demandas por amplos direitos sociais. “O problema é que os capitalistas europeus estavam apavorados com o avanço dessas forças, ainda mais com a União Soviética a poucas horas de trem de distância”, explicou Wolff.

      O acordo com a Europa e a militarização da economia

      Para enfrentar esses desafios, os EUA formularam uma estratégia: oferecer à Europa proteção militar e apoio financeiro em troca da repressão aos movimentos socialistas e comunistas. “Vocês não precisam gastar com defesa — nós cobrimos isso com nosso keynesianismo militar — e vocês usam seus recursos para competir com os benefícios sociais que os soviéticos oferecem ao seu povo”, resumiu Wolff, explicando o raciocínio da Casa Branca à época.

      Esse arranjo foi sustentado por um modelo de endividamento em larga escala. “Os Estados Unidos não gostam de lutar guerras com impostos. Eles preferem lutar com dinheiro emprestado, porque se você taxar o povo, a oposição à guerra cresce mais rápido”, alertou o economista. Ironicamente, durante certo período, os próprios europeus financiaram esse endividamento ao comprar títulos da dívida norte-americana.

      Fim do ciclo e decadência imperial

      Wolff defende que esse modelo se esgotou. “O que temos agora é o colapso desse acordo. Os EUA perderam a guerra no Vietnã, perderam no Iraque, estão perdendo na Ucrânia”, afirmou. Ele ressalta que essa decadência militar e econômica está sendo acompanhada por uma crise institucional profunda, marcada por ataques aos servidores públicos federais e o sucateamento das agências estatais.

      “Eles destroem as agências, destroem a vida das pessoas, e isso empurra os jovens para o setor privado, onde vão disputar empregos e rebaixar salários. Isso tudo é parte do processo de colapso”, criticou. Para Wolff, o país está vivendo os estertores de um império em declínio. “Esses são os comportamentos desesperados de um império moribundo. Não vejo outra explicação que faça sentido para o que está acontecendo.”

      A entrevista de Richard Wolff aprofunda a crítica à narrativa dominante sobre eficiência, progresso e liderança mundial dos EUA, oferecendo uma interpretação histórica que conecta as crises atuais a um projeto político e econômico que já não se sustenta. Ao desmontar a ilusão de continuidade do poder americano, o economista convida o público a refletir sobre o que virá após o colapso. Assista:

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