Ex-deputada é retirada de voo da Gol por uso de almofada
Célia Leão, cadeirante há cinco décadas, acusa a companhia aérea Gol de desrespeito e falta de sensibilidade
247 - A ex-deputada estadual Célia Leão, atualmente secretária de Desenvolvimento Social e Habitação de Valinhos (SP), viveu uma situação que classificou como “inusitada” em seus 40 anos de viagens nacionais e internacionais: foi retirada de um voo da Gol Linhas Aéreas após ser impedida de embarcar por estar utilizando uma almofada ortopédica. O caso ocorreu na última quinta-feira (1º), no Aeroporto Internacional de Guarulhos, e foi noticiado inicialmente pela CNN.
Célia, que é cadeirante desde os 16 anos, utilizava o ório para aliviar a pressão ao sentar, uma vez que não possui musculatura nas nádegas. A almofada, entretanto, foi considerada pela tripulação como um item “não autorizado para utilização a bordo, podendo representar risco à segurança da ageira”. Ao tentar explicar sua condição à equipe, a secretária se deparou com resistência e falta de empatia. “Essa almofada é o meu bumbum. Eu não posso sentar num lugar duro”, relatou.O voo G3 7665 tinha como destino Buenos Aires, na Argentina. Segundo Célia, a comissária de bordo reagiu de forma exagerada ao ver a almofada, mesmo após as explicações. “Fez quase que um escândalo”, disse ela, destacando que a falta de diálogo com o comandante da aeronave agravou ainda mais a situação. “Ele se negou a falar comigo pessoalmente”, criticou, afirmando que “o comandante tem a obrigação de atender um ageiro”.
A ex-deputada lembrou que havia realizado o mesmo trajeto dias antes, em um voo da própria Gol, com a mesma almofada e sem qualquer questionamento. Também afirmou que nunca lhe foi exigido qualquer documento médico para justificar o uso do ório. Para ela, o episódio foi marcado por desinformação e desrespeito: “Foi tudo errado, tudo errado”.A retirada de Célia da aeronave causou o desembarque de todos os ageiros e um atraso de 40 minutos. Ela se sentiu humilhada ao ser obrigada a deixar o avião, ando pela troca para a cadeira de rodas e remoção de sua bagagem. Sua filha, que também embarcaria no voo a trabalho, pôde seguir viagem, mas sua mala também foi retirada, o que, segundo Célia, a empresa se recusou a devolver de imediato.
Em nota, a Gol alegou que o embarque foi negado devido à ausência de um formulário médico (MEDIF), exigido em casos específicos. Após o envio do documento e liberação médica, a companhia autorizou o embarque de Célia no dia seguinte. A ex-deputada, no entanto, considerou a resposta da empresa insuficiente. “A Gol nem sequer pediu desculpas”, afirmou. “A nota foi maliciosa e não foram dignos de assumir o erro.”A secretária também destacou a importância de tornar o caso público para alertar sobre a violação de direitos de pessoas com deficiência: “Quando um direito não é respeitado para uma pessoa, ele também não é respeitado para toda a sociedade”.
No sábado (3), a ex-deputada entrou com um pedido de tutela de urgência no Tribunal de Justiça de São Paulo para ser realocada sem custos em novo voo, com garantia de ibilidade, além de hospedagem e alimentação. O pedido foi negado pelo juiz plantonista, que entendeu que a solicitação não se enquadrava nas hipóteses para análise durante o plantão judicial.O episódio repercute como mais um alerta sobre a necessidade de treinamento e sensibilização das equipes aéreas para o atendimento adequado a pessoas com deficiência, além de expor lacunas na comunicação e nos protocolos das companhias em situações que exigem compreensão e respeito.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: