247 - Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL-SP) fez duras críticas ao governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) e à sua gestão marcada pela privatização de serviços essenciais e pela militarização da segurança pública. "Olha, a gente lembra a luta que foram os trinta anos ou mais entre PP, MDB e PSDB no governo do Estado de São Paulo. Nunca deram poder à Polícia Militar de maneira que pudesse mudar as estruturas por dentro, porque isso pode trazer uma fissura muito difícil de colar", alertou o parlamentar.
Giannazi comparou o atual cenário da segurança pública em São Paulo com a crise enfrentada no Rio de Janeiro. "Pode acontecer o que está acontecendo no Rio de Janeiro, onde se perdeu totalmente o controle da polícia. Lá, há setores de milícia, polícia e tráfico misturados, e você não sabe mais quem é quem, em quem confiar. Caminhamos para uma situação semelhante à do Rio, se nada for feito, se não houver uma interferência nesse projeto."
O papel de Derrite no governo
Durante a entrevista, o deputado também criticou a atuação do Secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite. "Ele é o homem forte do governo, porque representa o eleitorado bolsonarista de extrema direita, neofascista, profascista. Ele representa esse segmento, e o Tarcísio precisa dele do ponto de vista eleitoral e político, porque foi eleito com esse voto." Giannazi avalia que o governador tenta "piscar" para setores mais ao centro para disfarçar sua verdadeira posição, mas que sua essência continua sendo de extrema direita. "Parece que ele tem prazer com esse tipo de política no Estado de São Paulo."
Privatização sem limites
O deputado apontou os impactos da privatização nos serviços essenciais e destacou que a Sabesp já começa a dar sinais de desmonte. "O abastecimento piorou, estamos recebendo muitas denúncias. A tarifa aumentou, e muita gente está recebendo contas altíssimas. Privatização significa lucro para a empresa, e a empresa está cobrando a conta. Logo após a privatização, a própria empresa afirmou que não daria mais tarifa social nem assistência social. Isso é gravíssimo."
Ele ressaltou que a Sabesp já estava parcialmente privatizada, mas agora, com quase 70% do controle nas mãos de investidores privados, o impacto será ainda mais severo. "Por isso somos contra a privatização de serviços públicos essenciais como água, energia, educação, saúde e assistência social. Ele quer privatizar até a Fundação Casa!"
A educação também está na mira do governo, com a entrega de 143 escolas estaduais para istração privada. "Essas escolas, mais bem equipadas, serão entregues a empresas que lucrarão com serviços como vigilância, limpeza, compra de material, manutenção e informática. Elas receberão dinheiro público e lucrarão sobre ele, em um orçamento já insuficiente para quase 4 mil escolas e 4 milhões de alunos."
O caos no transporte e os pedágios abusivos
A entrevista também abordou as novas concessões no setor de transportes, previstas para 2025. Segundo Giannazi, o governo quer ampliar as privatizações e expandir a "farra dos pedágios". "São Paulo tem um dos maiores pedágios da América Latina. Isso é grave, e, no entanto, o governo está instalando mais praças de pedágio no Estado."
O parlamentar denunciou as dificuldades de investigação na Assembleia Legislativa, onde a base governista impede a instalação de Is para apurar corrupção no setor de transportes. "Temos requerimentos para instalar a I do Transporte Público, mas a base governista obstrui as investigações."
Diante desse cenário, a oposição tem buscado outras formas de fiscalização. "Recorremos ao Ministério Público Estadual, ao Tribunal de Contas do Estado de São Paulo e, quando envolve dinheiro federal, ao Ministério Público Federal e ao Tribunal de Contas da União. Esse é outro caminho para investigar as denúncias."
"Uma tragédia anunciada"
Para Giannazi, o modelo de gestão adotado por Tarcísio de Freitas é um desastre anunciado. "Você vai ter numa escola pública um diretor da empresa preocupado com o lucro e o diretor do Estado preocupado com a questão pedagógica. Mas o da empresa vai reduzir custos, comprar produto de péssima qualidade e pagar salários baixíssimos. Isso já acontece na limpeza terceirizada das escolas, com empresas que abandonam suas funcionárias e deixam escolas sem limpeza."
O deputado também relembrou os impactos de privatizações adas. "Olha o que aconteceu com os cemitérios privatizados em São Paulo: o custo de um velório aumentou 400%! Agora é preciso pagar até para realizar um culto numa capela do cemitério."
Em tom de alerta, Giannazi concluiu: "A empresa privada deve atuar na iniciativa privada, não no serviço público. Que dinheiro sujo é esse? Que riqueza é essa">
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