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      "Essa é uma provocação, mas também um desafio geopolítico", diz especialista sobre imposições de Trump à Palestina

      Sami El Jundi analisa impacto global das políticas de Trump e Netanyahu

      (Foto: Divulgação | Reuters)
      Dafne Ashton avatar
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      247 - Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o médico e diretor da Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL), Sami El Jundi, discutiu os desdobramentos da política externa norte-americana e israelense no Oriente Médio. Segundo ele, as recentes medidas impostas por Donald Trump e Benjamin Netanyahu representam não apenas uma provocação, mas também um desafio geopolítico global. "Primeiro, escancara os interesses econômicos. Segundo, impõe uma limpeza étnica de forma violenta e absurda, porque chega a ser cínica", afirmou.

      Estamos entrando na segunda fase do cessar-fogo, que, desde o princípio, já se sabia que era um alívio temporário para a população de Gaza. "A notícia de que Israel concorda com a saída voluntária do povo palestino da região de Gaza é uma provocação tremenda", disse o especialista. Segundo ele, a retirada palestina da região não pode ser considerada voluntária, pois se trata de um processo forçado pela destruição e extermínio sistemático.

      O radicalismo de Trump e suas consequências

      Ao comentar a política norte-americana, El Jundi destacou a postura cada vez mais radical de Donald Trump. "Sabíamos que ele vinha embalado no radicalismo da ultradireita norte-americana", disse. Para ele, o ex-presidente conduz uma agenda ultraconservadora, apelando para discursos religiosos e de masculinidade tóxica. "Hoje, ele fez um chamado em defesa dos cristãos nos Estados Unidos, como se a cristandade norte-americana estivesse em perigo. Mas isso soa muito mais como uma defesa da masculinidade", criticou.

      A radicalização do governo Trump não é acidental, mas sim fruto de um planejamento estratégico bem definido. "Nesse período de governo, ele já emitiu mais de duzentas ordens executivas que já vinham prontas antes mesmo de assumir o cargo", explicou. Segundo o especialista, essa preparação intensa permitiu que o governo implementasse mudanças drásticas rapidamente, com impacto profundo sobre as instituições norte-americanas.

      Europa, OTAN e a crise global

      Além dos desdobramentos no Oriente Médio, El Jundi comentou as pressões exercidas por Trump sobre a Europa e a OTAN. "Já no governo Trump, os Estados Unidos impam sanções ao Tribunal Penal Internacional e pressionaram a Europa com a questão do financiamento da OTAN", afirmou. Para ele, a Europa continua dependente da hegemonia norte-americana porque não consegue resolver sua própria identidade em relação à Ásia e ao Oriente.

      Segundo El Jundi, essa política agressiva dos Estados Unidos evidencia um padrão de chantagem internacional. "Os norte-americanos assumem que ou o mundo joga pelas regras deles e eles mandam no mundo, ou eles levam a bola para casa", analisou. A eventual saída ou permanência dos Estados Unidos no Conselho de Direitos Humanos da ONU já virou, em sua opinião, um "deboche completo à comunidade internacional".

      "Trump enche a sala de bodes"

      O especialista destacou ainda a estratégia de Trump de criar um ambiente de caos e desorientação para conseguir implementar sua agenda. "Ele enche a sala de bodes. Ele não coloca um bode na sala, ele enche a sala de bodes e cria um desconforto tal que as pessoas oscilam entre não levá-lo a sério e temê-lo", explicou.

      Essa técnica, segundo ele, foi utilizada no Brasil por Jair Bolsonaro, que adotou discursos extremistas para desviar o foco das políticas destrutivas que seu governo implementava. "Enquanto todo mundo discutia a insanidade das propostas, ele ava a boiada", comparou.

      A limpeza étnica em Gaza

      O chamado "plano de saída voluntária" de Gaza, segundo El Jundi, nada tem de voluntário. "Muitos palestinos já estão cansados de ver seus filhos morrendo e aceitariam sair para qualquer lugar onde possam ter paz. Isso não é uma escolha livre, mas uma expulsão sistemática", declarou. Ele ainda alertou para um possível segundo plano israelense, que envolveria a criação de guetos sob rígido controle militar. "Transformam Gaza em um polo milionário de exploração de gás e fazem os palestinos pagarem com seu próprio patrimônio pela sua expulsão."

      O especialista concluiu afirmando que as ações de Trump e Netanyahu evidenciam um projeto claro de dominação e repressão no Oriente Médio, com consequências que vão muito além da Palestina. "Estamos assistindo a uma reconfiguração geopolítica que pode ter impactos profundos no equilíbrio de poder global", finalizou. Assista: 

       

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