“O juro é um escândalo no Brasil, mas o câmbio hoje é ainda mais decisivo”, diz Guido Mantega
Ex-ministro da Fazenda avalia atuação do Banco Central, elogia Galípolo e diz que valorização do real é fundamental para conter inflação
247 - Durante participação no Boa Noite 247, o economista e ex-ministro da Fazenda Guido Mantega avaliou o papel atual da política monetária no Brasil, defendeu o economista Gabriel Galípolo à frente do Banco Central e argumentou que, mais do que a taxa de juros, o câmbio se tornou o principal instrumento para conter a inflação. Para ele, a valorização do real nos últimos meses tem sido uma estratégia eficaz, mesmo diante das limitações herdadas do governo anterior.
“O câmbio mata e o juro aleja. Já dizia alguém lá atrás”, afirmou. “Hoje o câmbio tem um papel importante. Se a inflação continuar caindo — e ela vai continuar —, vamos chegar a uma taxa anualizada de 5,1%, 5,2%.” Segundo Mantega, esse cenário abrirá espaço para uma redução dos juros no segundo semestre. “No segundo semestre já poderemos começar um ciclo de redução dos juros, com a economia mais estabilizada.”
O ex-ministro rechaçou críticas ao atual diretor do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmando que ele é uma figura confiável e alinhada com os objetivos do governo. “Eu posso garantir que ele não é vendido à Faria Lima. Ele está fazendo um bom trabalho. Já estamos vendo os resultados: a inflação já está caindo.” Mantega ainda reforçou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem razão ao declarar total confiança em Galípolo, conforme entrevista recente do próprio chefe do Executivo.
Segundo Mantega, o controle do câmbio tem efeitos diretos sobre a inflação, especialmente na composição de preços de combustíveis e alimentos. “A alimentação subiu apenas 0,3% na última medição. Os ovos já estão mais baratos, a carne também caiu. E a Petrobras reduziu a gasolina em 5,6%”, destacou. “Combustíveis e alimentos são os dois principais impulsionadores da inflação.”
Ele apontou que a valorização do real tem ocorrido também em função da atuação do Banco Central, e que a eventual desvalorização do dólar promovida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode favorecer ainda mais a tendência. “O Trump vai continuar desvalorizando o dólar porque ele acha que isso torna os produtos americanos mais competitivos. Isso é bom para nós.”
Mantega também indicou que há sinais de que o Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos poderá baixar os juros diante de um cenário de recessão naquele país, o que ajudaria a consolidar a queda da inflação no Brasil. “Tudo isso é bom para nós e ajuda a baixar os juros aqui”, disse. Ainda assim, alertou que a atual política fiscal e monetária brasileira é herança do bolsonarismo. “A taxa de juros é um escândalo, mas essa estrutura foi herdada. O arcabouço fiscal é o que deu para fazer, mas é contracionista.”
Para o ex-ministro, apesar do quadro restritivo, os resultados econômicos são consistentes. “O país está indo bem, e é isso que tentam esconder. Crescemos 3,4% no ano ado, um dos maiores índices entre os países relevantes. E neste primeiro trimestre, crescemos mais até do que a China”, destacou. “A economia vai desacelerar no segundo semestre, mas já cresceu no primeiro.”
Mantega encerrou o tema fazendo um alerta: os avanços econômicos precisam ser comunicados de forma eficaz para evitar que sejam obscurecidos por discursos oposicionistas. “Há uma máquina de propaganda da direita que consegue transformar qualquer coisa ruim em um fato maior. Mesmo com aumento do emprego e da renda, tentam criar a sensação de que a economia está piorando. Isso tem que ser enfrentado.” Assista:
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