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      "O Brasil não pode se precipitar: precisamos ver onde a poeira vai assentar", diz Rubens Barbosa

      Ex-embaixador Rubens Barbosa analisa os desafios da política externa brasileira diante das mudanças globais

      (Foto: Cadu Gomes/VPR | Marcos Oliveira/Agência Senado)
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      247 - O ex-embaixador Rubens Barbosa, presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da FIESP e ex-representante diplomático do Brasil em Washington e Londres, analisou os desafios da política externa brasileira diante das recentes transformações na ordem global. Em entrevista ao programa Boa Noite 247, Barbosa abordou a postura do governo brasileiro frente às tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos, as trocas diplomáticas entre Brasil e EUA e os desdobramentos estratégicos da mudança de postura norte-americana em relação à Rússia e à Ucrânia. O ex-embaixador defendeu uma posição independente para o Brasil e criticou a falta de agilidade na condução diplomática do país.

      Reação tardia do Brasil ao protecionismo norte-americano

      A recente política protecionista de Donald Trump voltou a afetar o Brasil com o aumento das tarifas sobre o aço e o alumínio, previsto para entrar em vigor no dia 12 de março. Além disso, novas tarifas de reciprocidade, como foram denominadas pela Casa Branca, estão programadas para 2 de abril. Para Rubens Barbosa, a reação do governo brasileiro tem sido tardia. "A posição do governo brasileiro até aqui está correta, mas houve alguns excessos no ado. Agora, acalmou. Não temos que reagir antes de termos um caso concreto contra produtos brasileiros", ponderou.

      O ex-embaixador destacou que a demora na articulação entre os ministérios e as agências reguladoras pode prejudicar os interesses comerciais do Brasil. "O Brasil está demorando muito para estabelecer canais de comunicação em nível burocrático. Não estou falando de conversas entre Lula e Trump, mas de contatos entre os Ministérios da Agricultura, Indústria e Comércio com a Casa Branca, o Departamento de Estado e outras instituições. Isso já deveria ter sido feito", criticou. Para ele, enquanto o governo brasileiro demorava a se movimentar, a oposição a Lula atuava diretamente em Washington, buscando espaço junto à Casa Branca e ao Departamento de Estado.

      O embate diplomático entre Brasil e EUA sobre Elon Musk e o STF

      Outro tema que colocou Brasil e Estados Unidos em rota de colisão foi a declaração do Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental, um setor do Departamento de Estado norte-americano, que criticou medidas contra a disseminação de desinformação online, interpretadas como uma referência às decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e ao embate entre o ministro Alexandre de Moraes e o bilionário Elon Musk. O Itamaraty reagiu oficialmente, mas, para Barbosa, o governo brasileiro "vestiu a carapuça" desnecessariamente.

      "O Itamaraty não deveria ter respondido. Não havia nenhuma referência direta ao STF na nota americana. Então, por que assumimos que era sobre nós?" questionou. Ele alertou que politizar esse tipo de debate pode prejudicar a estratégia diplomática do Brasil. "Se o Supremo quisesse responder, ele próprio deveria ter feito isso. Mas, ao envolver o Executivo, o governo assume um conflito desnecessário com os EUA", analisou.

      Mudanças geopolíticas e a necessidade de prudência na política externa

      Barbosa também abordou a recente mudança na política externa norte-americana em relação à Rússia e à Ucrânia. Para ele, a postura de Trump representa um rompimento com uma tradição de décadas na diplomacia dos EUA. "O governo americano agora não está mais apoiando a Ucrânia. Vimos suspensão no envio de armamentos e de informações estratégicas. Isso terá consequências profundas", afirmou. Ele alertou para o impacto dessa guinada nos laços dos EUA com a OTAN e a União Europeia.

      Na América do Sul, Barbosa destacou como uma vitória diplomática a eleição do representante do Suriname para um cargo regional, derrotando um candidato paraguaio apoiado por Washington. "Achei que o Departamento de Estado dos EUA iria intervir, mas foi uma grande vitória para a região, com o Brasil atuando discretamente para evitar uma interferência americana", comemorou.

      Ao avaliar a posição do Brasil no tabuleiro global, Barbosa defendeu que o país não se alinhe de forma automática a nenhuma potência. "O Brasil é uma potência média regional, a oitava economia do mundo, com 200 milhões de habitantes e interesses diversos. Não podemos nos associar diretamente com ninguém", declarou.

      Impacto na defesa e o futuro da ordem internacional

      O ex-embaixador alertou para os desafios que o Brasil pode enfrentar caso a atual ordem global seja desmantelada. "Se o Ocidente acabar, se a OTAN acabar, se essa ordem internacional for desmontada, como ficará a defesa brasileira? Noventa e nove por cento do armamento do Brasil vem dos EUA e da OTAN. Se os EUA romperem com o Ocidente, o Brasil pode perder esse fornecimento", advertiu.

      Diante desse cenário, Barbosa aconselhou prudência: "O Brasil não tem cacife para influir nesses acontecimentos. Se Trump convence Xi Jinping e Putin a decidirem o que será do mundo, onde ficamos? Qual será a posição do Brasil">

       

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