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      "Juscelino pertence à história do Brasil, não apenas à sua família", diz ex-preso político da ditadura

      Ex-vereador e ex-preso político Gilberto Natalini defende a reabertura da investigação sobre a morte de JK e questiona resistências

      (Foto: Afonso Braga/Câmara Municipal de São Paulo | Divulgação )
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      247 - O médico, ambientalista e ex-vereador de São Paulo, Gilberto Natalini, reafirmou em entrevista ao programa Boa Noite 247 sua convicção de que a morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek, em 1976, não foi um acidente, mas sim um atentado político. Ex-preso político durante a ditadura militar, Natalini defende que a reabertura do caso é essencial para o resgate da verdade histórica, independentemente de interesses políticos ou institucionais.

      Natalini recordou suas experiências sob o regime militar e destacou que sua busca pela verdade não se baseia em ressentimento pessoal. "Fui preso político várias vezes, a primeira em 1972, no DOI-Codi de São Paulo. ei pelas mãos do Ustra e saí bastante machucado de lá", disse, referindo-se ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos principais nomes da repressão. Apesar dos traumas, ressaltou: "Não guardo raiva. Meu sentimento é de justiça".

      Enquanto presidente da Comissão da Verdade Vladimir Herzog, da Câmara Municipal de São Paulo, Natalini coordenou investigações detalhadas sobre a morte de JK. "Foram analisados documentos, realizados depoimentos e elaborados 114 quesitos que indicam que Juscelino teve morte matada, não morte morrida", afirmou. O relatório foi enviado à Comissão Nacional da Verdade em 2014, mas a entidade reafirmou a versão oficial de que a morte teria sido um acidente de trânsito. "Eles se basearam em laudos antigos, cheios de contradições e falhas técnicas", criticou.

      A polêmica se intensificou em 2019, quando o perito de trânsito Sérgio Ejzenberg produziu um laudo de 220 páginas, a pedido do Ministério Público Federal, apontando que a morte de JK não foi causada por um simples acidente. Com base nesse documento, Natalini e sua equipe solicitaram ao Ministério dos Direitos Humanos e à Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos a reabertura do caso. "Não dissemos que foi acidente ou assassinato. Apenas que, diante de um fato novo, a investigação precisa ser retomada", explicou.

      A resposta oficial, no entanto, adiou a revisão do caso sob o argumento de que seria necessário consultar a família de JK antes de prosseguir. Para Natalini, essa posição representa uma tentativa de retardar o debate. "Juscelino pertence à história do Brasil, não apenas à sua família. Claro que a opinião dos familiares é importante, mas sua morte é um problema público, um problema histórico", argumentou.

      Com a decisão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva de reabrir as investigações, o debate volta a ganhar força. O novo laudo pericial, elaborado por George Sanguinetti a pedido do Ministério Público Federal, levanta inconsistências na investigação conduzida pela ditadura. Segundo o documento, a suspeita de sabotagem mecânica do veículo de JK não foi devidamente investigada e houve falhas na perícia da época, como a ausência de um exame toxicológico completo no motorista Geraldo Ribeiro.

      Para Natalini, uma eventual confirmação do assassinato de JK teria um impacto profundo. "Se a gente provar que Juscelino foi morto, é um tapa na cara da ditadura. Uma coisa é matar militante, operário, camponês. Outra coisa é matar um ex-presidente da República", afirmou.

      Ele reforçou que a investigação não é apenas uma questão política, mas um compromisso com a verdade e com a consolidação da democracia. "O Brasil não pode ficar vivendo de susto em susto. Nossa democracia precisa se consolidar. Se está ruim com ela, é muito pior sem ela", concluiu. Assista: 

       

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