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      Frei Betto: "não são os ateus que fazem mal ao mundo. As pessoas mais ignóbeis que conheço se dizem crentes"

      “Hitler se considerava católico, o Trump presbiteriano. As pessoas que mais causam dano à humanidade enchem a boca falando de Deus", critica o religioso

      (Foto: ABR)
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      247 - Em entrevista ao Boa Noite 247, Frei Betto fez duras críticas à apropriação da religião por líderes políticos e religiosos que, segundo ele, utilizam o nome de Deus para justificar práticas que violam os princípios mais elementares do Evangelho. Ao comentar o sermão do papa Leão XIV sobre o ateísmo, o frade afirmou: "confesso que não me agradou o sermão do papa Leão XIV, porque eu fiquei pensando: não são os ateus que fazem mal ao mundo. As pessoas mais ignóbeis que eu conheço, todas se dizem crentes”.

      Frei Betto mencionou figuras históricas como Adolf Hitler, Donald Trump e Harry Truman para ilustrar a contradição entre a declaração de fé e a prática de violência. “O Hitler se considerava católico, o Trump presbiteriano, o Truman, que jogou duas bombas atômicas sobre o povo pacífico e inocente do Japão, era batista. Então eu fico pensando: realmente, as pessoas que mais causam dano à humanidade, à natureza, elas enchem a boca falando de Deus".

      O religioso alertou que o cristianismo, em muitos casos, se tornou apenas uma identidade cultural esvaziada de conteúdo ético. “O cristianismo tornou-se um dado cultural”, afirmou, observando que muitos ateus viveram com mais fidelidade os ensinamentos de Jesus do que os próprios religiosos. Citou o exemplo de Luiz Carlos Prestes e Carlos Marighella como pessoas que, mesmo sem fé declarada, pautaram suas vidas pelos valores evangélicos.

      Frei Betto também refletiu sobre a natureza da vida após a morte a partir da teologia. Para ele, a chamada “vida eterna” é uma dimensão que não pode ser descrita a partir da lógica temporal. “Quando nós transvivenciamos, entramos na eternidade, ou seja, numa esfera sem tempo. E ali nos deparamos com o mistério de Deus.” Reforçou, no entanto, que o essencial da vida cristã está na prática do amor nesta existência. “Não me interessa. Eu não vou me surpreender se do outro lado da vida não tiver uma vida eterna. O que importa é a nossa coerência neste mundo.”

      Segundo ele, o critério de salvação, de acordo com os próprios evangelhos, não é a fé, mas o amor concreto ao próximo. “Jesus não condiciona a nossa salvação à fé, condiciona ao amor”, disse. Citando o capítulo 25 do evangelho de Mateus, lembrou que muitos que não creem, mas amam, “haverão de se salvar”.

      A crítica ao uso da religião como instrumento de poder institucional também se estendeu à questão tributária no Brasil. Frei Betto condenou os privilégios fiscais concedidos às igrejas: “As igrejas deviam ter vergonha na cara e falar: ‘Nós temos que pagar impostos’”. Para ele, a isenção amplia a possibilidade de corrupção e lavagem de dinheiro. “Por que todas as instituições pagam impostos e as igrejas são uma exceção?”

      A fala do religioso ressaltou ainda o distanciamento entre a prática institucional de muitas religiões e o conteúdo transformador do cristianismo. “Jesus disse: ‘Tive fome e me deste de comer, tive sede e me deste de beber’. Ou seja, ele está se colocando no lugar do oprimido. Não tem a menor importância se essa pessoa não tem fé. O próprio Jesus disse: ‘Cada vez que fizeste isso a um desses pequeninos, a mim o fizeste’.” Assista:

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