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      "A Igreja corre o risco de se esfarelar”, diz professor sobre sucessor de Francisco no Conclave

      Professor Faustino Teixeira analisa, em entrevista à TV 247, os desafios do Conclave de 2025 e o futuro da Igreja Católica após o papado de Francisco

      Cardeal fala com jornalistas ao chegar para uma reunião das chamadas congregações gerais antes do Conclave - 05/05/2025 (Foto: REUTERS/Dylan Martinez)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 - Na véspera do Conclave que definirá o sucessor do Papa Francisco, o jornalista Mario Vitor Santos recebeu, na TV 247, o teólogo e professor aposentado da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Faustino Teixeira, para uma profunda análise sobre o momento histórico vivido pela Igreja Católica. 

      Referência nos estudos da religião e colaborador do Instituto Humanitas Unisinos, Teixeira ofereceu uma leitura crítica da conjuntura eclesial, alertando: 

      “Francisco foi uma fenda num terreno movediço. Se a Igreja se fechar agora, corre o risco de se esfacelar”.

      Durante a entrevista, Faustino destacou a tensão entre dois caminhos que se desenham no horizonte da sucessão: a continuidade de uma Igreja pastoral, aberta aos clamores do tempo, ou o retorno a uma Igreja voltada para si mesma, com foco exclusivo na disciplina e na hierarquia interna. 

      Para o teólogo, o pontificado de Francisco representou uma guinada histórica dentro de um cenário desfavorável, após quatro décadas de restauração conservadora iniciada ainda em 1985, com o livro “Relatório sobre a fé”, do então cardeal Ratzinger.

      “Francisco não era um Papa de vanguarda. Ele se fez ousado na caminhada”, afirma Teixeira. Ao lembrar a trajetória de Jorge Mario Bergoglio, o professor observa que a radicalidade do pontificado foi moldada no exercício concreto do pastoreio, a partir de gestos como sua primeira visita a Lampedusa e sua encíclica Laudato Si, sobre a ecologia integral. “Ele colocou em cena o Jesus de Nazaré, o Jesus que teve fome, que acolheu os sofredores, que morreu pela opressão”, resumiu.

      Apesar da iração mundial por Francisco, Faustino alerta que os bastidores do Conclave não refletem o mesmo entusiasmo. “A maioria dos cardeais não tem sintonia com Francisco. Muitos foram nomeados por ele, mas sob pressão da Cúria Romana”, observou. 

      Segundo ele, a Igreja vive uma crise de vocações e de sentido, diante do avanço dos pentecostais na América Latina e do Islã na Europa, e não pode dar-se ao luxo de retroceder. “A diversidade é bela”, lembrou, citando uma frase do próprio pontífice.

      Teixeira também comentou a ausência de chances para cardeais brasileiros e os riscos de um retrocesso ideológico. Entre os nomes com maior possibilidade, destacou figuras com atuação pastoral e sensibilidade social, como o italiano Matteo Zuppi, de Bolonha; Pierbattista Pizzaballa, patriarca latino de Jerusalém, que chegou a oferecer-se como refém para libertar crianças sequestradas pelo movimento palestino Hamas; e José Tolentino Mendonça, o “cardeal poeta” de Portugal. 

      “Não é hora de um Papa teólogo, mas de um Papa querido, com dom pastoral". 

      O professor ainda apontou a resistência da Cúria Romana a reformas mais profundas, como a ordenação de mulheres e o enfrentamento da pedofilia — temas que o Papa Francisco tratou com cautela, optando por uma diplomacia jesuítica. “Ele não foi revolucionário em tudo. Foi estratégico, escolheu suas batalhas", afirmou.

      Ao final da entrevista, Mario Vitor Santos trouxe uma provocação clássica: a religião ainda é o ópio do povo? Faustino respondeu com a tríade proposta por Peter Berger: a religião pode ser ópio, crítica radical ou fonte de sentido. 

      “Francisco soube oferecer sentido. Foi talvez o maior líder político e espiritual de sua época — mais que o Dalai Lama. E sua grandeza está no testemunho, não na visibilidade", ponderou. 

      O Conclave começa nesta quarta-feira (7) na Cidade do Vaticano, com missa celebrada às 5h (horário de Brasília) e entrada dos cardeais na Capela Sistina às 11h30. A eleição pode durar de dois a três dias, segundo Faustino. E, embora os conservadores estejam mais cautelosos, mantendo seus nomes em segredo, o professor acredita que a força da Igreja virá, mais uma vez, do exemplo. 

      “O que está em jogo não é só o futuro de um papado. É o destino de uma Igreja entre o esfacelamento e a esperança", afirmou. Assista na TV 247: 

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